quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Adocao é ato de nobreza? De quem?


Talma do blog: Talma


Adocao é ato de nobreza? De quem?


Meu nome é Talma Martins, sou casada e mae biológica de dois anjos: Bruno e Bibiana. Quando Bruno estava com 12 anos e Bibi com 7, passei a sentir falta de outra criança pequena em casa e a adoção era uma opção lógica e natural. Comecei tentando fazer a cabeça das crianças para, depois, convencer o pai- o mais reticente.
Escondidos, eu e as crianças começamos a comprar um pequeno enxoval, porque com paciência o convenceríamos do contrário.
Mas naquele mesmo ano, um acidente de carro mudaria tudo.

Ficamos apenas eu e o marido num longo e doloroso processo de recuperação. Recuperação de tudo: saúde física, mental e afetiva.
Com muita cola, linha e agulha, fomos colando e costurando o que tinha sobrado e decidimos que precisávamos de filhos para dar razão à nossa existência. Afinal, prá que (ou quem) se vive? Nossa vida sempre fora dedicada a eles. E agora, o que fazer?
Decidimos SER ADOTADOS afinal, estávamos órfãos!
Esperávamos que Deus nos mandasse um anjo generoso, que se submetesse ao difícil processo de ser filho de um casal com essa forte marca em suas vidas.
Por essa razão eu afirmo: se a adoção é um ‘ato de nobreza’, certamente é por parte da criança que o tornará rico de amor e realizações e jamais o contrário. É nobreza ter filhos biológicos? Então por que com os adotivos, seria? Não é caridade. Caridade se faz na igreja ou em entidades assistencialistas.
Também não é “reposição” como cruelmente chegaram a me dizer. Não, cada filho é um filho, um ser totalmente diferente um do outro. Não estávamos em busca de “repor” ou “substituir” Bruno e Bibiana: queríamos ser pais novamente, simples assim.
Bem, fizemos nossa inscrição simples e rápida e depois de algumas entrevistas, nos habilitamos e entramos para a enorme e infindável fila.
Um parêntese: as pessoas costumam reclamar da burocracia para se habilitar. Mas devo lembrá-los que estamos falando de vidas. Para você comprar uma casa, é exigido de você um sem-número de documentos e nem por isso alguém reclama. Gente, o Estado passará para você algo inestimável e, para isso, precisa se cercar dos meios disponíveis para saber se está agindo corretamente!
Em minha opinião, o problema não é a burocracia necessária, mas o tempo de espera dependendo da criança que você quer.
Um conselho: não abram mãos dos seus sonhos, nem dêm ouvidos aos "urubus".
Nós não abrimos e vejam só...
( Lucas e Mariana)

Lucas nasceu em Brasília, com um ano e meio de ‘gravidez’(espera).
Mariana nasceu em Bagé, quando Lucas tinha 6 anos.
Sobre questões ‘de sangue’, passei por três experiências de preconceito. Depois disso, aprendi a andar armada (no sentido figurado) e ai de quem abrir a boca perto de mim ou dos meus filhos. Viro uma leoa!
E passei por uma situação engraçada, também: levei Lucas na dentista e ela queria ver a quem ele tinha puxado, na questão da oclusão. Lá fiquei eu, abrindo e fechando a boca para ela ver meus dentes.
Dããããã! Eu tinha esquecido completamente!!! rsssss.

Lucas sabe que nasceu de outra barriga, sabe que tem dois irmãos que moram no céu (Bruno e Bibi) e sabe que é muito amado. Tenho completa segurança no amor e nos laços que nos unem - infinitamente maiores que os de sangue. E Mariana seguirá pelo mesmo caminho, porque é um direito deles saber da verdade e minha obrigação contar. Afinal, onde estaria minha segurança nesse amor, se não falasse a verdade? Um dia eles correrão atrás do passado deles e eu quero ajudá-los da melhor forma possível.
Sobre os filhos biológicos, não tem dia que não pense e não fale com eles. Meu telefone? O amor.
Se eu voltaria no tempo? Não.

Estas duas tatoos têm significados correlacionados: as estrelas que estão no céu e a borboleta, para me lembrar de duas coisas: que tudo passa e que estamos em constante transformação à caminho da lenta edificação espiritual.
Esta postagem justifica este, da Margaret, que me emprestou o ombro. Obrigada, flor!
E aqui tem um relato de uma outra situação pela qual passei, antes de ter a Mariana.
De vez em quando as feridas abrem, é a vida. Mas mesmo assim somos felizes de verdade, porque nos amamos.
;-)

ESTA POSTAGEM FAZ PARTE DE UMA BLOGAGEM COLETIVA, REALIZADA NESTE DIA SOBRE ADOÇÃO E ESSA É A MINHA HISTÓRIA.


Fazendo parte da blogagem: Adocao, um ato de nobreza!

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