quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Adotar


Lou do blog: A Gruta do Lou
Adotar

Em meu currículo consta uma vasta experiência no trabalho com crianças. Entre outras coisas, dirigi duas creches municipais em São Paulo, trabalhei em abrigo (orfanato cujo nome foi modificado pela tirania do corpo de psicólogos e psiquiatras cristãos ou não), pré-escola, escolas, recuperação de crianças adictas e vai por aí.

Essa história em favor das crianças e adolescentes levou-me a algumas conclusões e sentimentos radicais. Talvez você não goste do que lerá aqui. É só a minha opinião. Tudo que peço é alguma reflexão a respeito.

Crianças não deveriam viver em creches, abrigos e escolas, jamais. Isso, sem falar nas prisões infanto-juvenis e nos hospitais. Todas essas excrescências idealizadas pela mente humana deturpada e doentia são inaceitáveis. Lugar de criança é ao lado de seus pais e irmãos. Ao estado, nunca poderia ser facultado o direito de retirar o pátrio poder a quem quer que fosse.

Sei muito bem de exceções nas quais pais não possuem condições morais para manter seus filhos. Nesses casos e quando não houver a morte dos dois progenitores os avos ou parentes próximos dispostos, a solução mais adequada será um novo lar paterno, através da adoção. Insisto, as opções deveriam começar pelos avôs, irmãos mais velhos, tios, parentes e, só então, esgotadas essas primeiras, verificar-se-iam as possibilidades de terceiros adotarem.

A decisão, nesses casos, deveria caber a um conselho comunitário, do qual participassem representantes das principais setores da sociedade (igreja, estado, mídia, educação) mais um representante da família original (o primeiro adulto idôneo possível), com voto superior a todos os outros. A família pleiteante participaria, sem direito a voto.

A melhor educação possível a uma criança cujo destino levou seus pais biológicos está no lar. Quando houver amor e valores corretos, nada substituirá a experiência e a vida doméstica. Nenhuma instituição doará mais segurança, competência e carinho do que o seio familiar.

Nesse universo, a mãe presente é indispensável. Não foram poucas as vezes em que manifestei sinceramente minha crença em relação à liberação da mulher. Quando a mulher desejar viver sua vida, seja para o trabalho ou qualquer outra atividade fora do lar e da família, caberá a ela abrir mão do papel maternal. Filhos não permitem ausência materna, parcial e muito menos total. O pai e os irmãos são indispensáveis, mas seu papel é secundário em relação ao da mãe, em termos da importância. O pai precisa trabalhar pelo sustento da família e o mercado precisa entender isso.

Uma criança adotada demandará esforço dobrado e nenhuma possibilidade de uma mãe dividida entre o cuidado da criança e qualquer outra atividade. A adoção jamais preencherá ou substituirá o lar original da criança. Nesse caso, a família adotiva sempre estará em desvantagem e precisará multiplicar esforços para suprir, sempre em parte, o que foi perdido pela criança.

Todos nós precisaríamos perguntar, vez ou outra, se não há uma criança necessitando de nosso lar. Mais ainda, toda família cristã bem estruturada deveria, por dever de consciência diante de Deus, estar inscrita nas listas de adoções. Nenhuma criança deveria ser internada nessas espeluncas sociais por aí, nem provisoriamente. A grande maioria dessas casas não passam de pretexto para certas pessoas obterem recursos às custas do sofrimento das crianças abandonadas deliberadamente ou compulsoriamente e que tiveram mais esse azar de cair nessas mãos, sejam elas públicas ou privadas.

Nós não adotamos nenhuma criança. Adotamos alguns jovens que viveram algum tempo em nossa casa, voluntariamente. Hoje, eles estão bem, embora lembrem de nós raramente, ou nunca, como foi o caso de uma jovem que chegou em casa com aneroxia nervosa e nos deixou curada, de corpo e alma. Mas isso tem importância relativa.

A adoção é uma experiência, quase sempre, dura para todas as partes. Não se iludam. Sem falar na questão estética. É triste, mas crianças negras, feinhas ou deficientes, dificilmente são adotadas, inclusive pela própria parentela. Conheci, de leve, o trabalho do Focolares (uma organização católica criada pela falecida irmã Chiara Lubish) onde, entre outras possibilidades, casais se dispõem a adotar crianças com sérios comprometimentos como com síndrome de Down, AIDs, doenças congênitas complexas, câncer, etc). Alguns chegam a adotar cinco crianças com esse histórico. Depois disso, ficou difícil reclamar do meu filho natural possuir um problema complexo.

Espero ter contribuído com a iniciativa de blogagem coletiva, tão relevante, que me foi passada pela Georgia.

Fazendo parte da blogagem: Adocao, um ato de nobreza!

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