domingo, 16 de novembro de 2008

Adocao, um ato de Amor!

Vanessa do blog: Fio de Ariadne

blogagem coletiva- adoção, um ato de nobreza.

Adoção, um ato de amor

Quando aceitei o convite da Georgia para esta blogagem coletiva, achei que seria muito difícil falar sobre isso. Preciso confessar, sem medo de parecer politicamente incorreta, que nunca quis ter filhos. Meu bebê de um ano de dois meses é fruto do maior descuido de toda a minha vida , acontecido aos 45 minutos do segundo tempo, arquibancada levantando, árbitro guardando apito. Fiquei grávida aos 37 anos sem querer, mesmo. Acontece que o filho nasceu, e isso aconteceu - olha a politicamente incorreta aí outra vez - por que eu não concordo com o aborto no que diz respeito á minha pessoa ainda que defenda o direito da mulher decidir o que fazer de seu corpo e sua vida , mas isso é assunto pra outra coletiva, talvez. Meu filho nasceu e me mostrou uma dimensão absolutamente desconhecida, até então, da vida.

Daí o convite da Georgia me incomodar. Há pouco tempo fui entrevistada pela AMB e não hesitei em afirmar que não adotaria simplesmente por que não teria filhos biológicos também. Eu sei , sou Sra. politicamente incorreto. Se eu fosse fumante e jogasse lixo na calçada,
deveria ser banida do convivio social. Mas é assim que me sinto. Sempre desejei viver sem filhos pois nunca me achei capaz de zelar pelo bem estar do outro e acho este mundo louco demais para colocar um ser indefeso nele e ainda me responsabilizar para ajudar a fazer dele alguém com quem valha a pena conviver.

Pensei em escrever como a Andréa sobre o pai adotivo de Ipanema que foi capa da Revista do Globo há poucas semanas. Depois lembrei que tenho uma amiga de sempre, A Cláudia, 38 anos, que é adotiva e poderia me falar um pouco sobre sua experiência. Fiz uma curta entrevista por email e tinha idéia de transformá-la num outro texto mas o resultado foi tão bom que eu estou postando aqui na íntegra. As resposta da Cláudia junto com a leitura do post da Talma ( que não devem deixar de ler) me fizeram aprender que a questão toda se resume naquilo que dá significado á palavra amor. Os pais tem amor de sobra quando assumem seus filhos, adotivos ou não. Com esta blogagem coletiva descobri que tenho amor de sobra. Isso é muito bom uma vez que não sou fumante , não jogo lixo no chão e por conta disso devo escapar do banimento.Eis a entrevista:

F.A. Como aconteceu sua adoção e como vc ficou sabendo que era adotiva?

Cláudia- Minha mãe biológica era empregada doméstica na casa de uma prima de minha mãe adotiva no Rio de Janeiro. Tudo já estava preparado para que eu fosse para um orfanato quando minha mãe adotiva foi almoçar com essa prima. Minha mãe adotiva acabara de ficar viúva e sua única filha estava para se casar. A prima de minha mãe já havia adotado dois meninos que já estavam adolescentes e como estava muito doente tinha medo de me adotar e não ter tempo de me criar até a vida adulta então, perguntou se a prima não queria levar a criança para criar já que estava viúva e quase casando a filha, e ficaria sozinha em breve.
Segundo minha mãe adotiva eu fiquei agarrada no pescoço dela durante todo o almoço e após ele, chorando sempre que tentavam me tirar de seu colo. Ela me falava que como eu não sabia falar aquela foi a maneira que eu encontrei de pedir para ela me trazer ( risos) E foi assim, ela me trouxe para Petrópolis no mesmo dia!!

Quanto a ficar sabendo, acho que foi naturalmente porque minha mãe biológica vinha me visitar então foi automático!!


F.A. Como vc avalia a sua infância considerando que não foi criada pela mãe biológica?

Claudia - Acho que dentro das circunstâncias foi normal, afinal além de ser adotiva também fui criada sem pai. Mas posso garantir que não me fez falta alguma. Talvez por eu ter tido a melhor mãe do mundo!!


F.A. Qual seu laço afetivo com sua mãe adotiva?

Cláudia -Posso dizer que é o mesmo que o meu para meus filhos , se não falasse sobre o assunto eu até esquecia que era adotada! Para mim esse fato não fazia a menor diferença!

F.A. Baseada na sua experiencia como filha adotiva e agora mãe de 3 filhos, você adotaria uma criança?

Cláudia - Sim, com certeza. Antes de engravidar de Isabella eu e Marcelo já aviamos pensado nisso e ainda pensamos. Só não o fazemos por questões financeiras.



F.A. O que você pode dizer a quem está em dúvida em adotar uma criança hoje?

Cláudia- Que não existe isso de que filho adotivo fica rebelde. Tudo depende da educação que é dada a criança. Filhos biológicos se malcriados também ficam rebeldes, usam drogas, matam os pais e etc..
Acho que o importante é não mentir sobre a situação, dar muito amor e limites como tem que ser seja ele biológico ou adotivo!



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*Nas fotos do arquivo pessoal em ordem de exibição vemos Cláudia bebê no colo da mãe biológica, com a mãe adotiva, D. Edith, que fazia a melhor empadinha de queijo do mundo inteiro, seus três filhos.
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