segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Adocao


Blog da Lulu: Lulu on the Sky@

Hj o post foi sugerido pela minha amiga Georgia e Dacio Jaegger o tema é sobre adoção.

Adoção é um gesto de amor e aqui vou citar alguns exemplos de celebridades que fizeram sua parte:
A mais conhecida é claro, a Angelina Jolie que já adotou 3 crianças: Maddox do Camboja, Zahara da Etiópia e Pax Thien do Vietnã. Como todo mundo sabe, cada um deles é de um biotipo diferente e ela tem filhos naturais que são loiros.

Lulu, mas a maioria quem adota quer filho loiro de olhos azuis...

È verdade, uma triste realidade pq as pessoas não são todas loiras de olhos azuis. Temos diversidade de raças e milhares de crianças pedindo um lar.
Meg Ryan adotou uma criança chinesa, a Daisy justo ela que é loira de olhos azuis. Já a cantora Madonna adotou David Banda que é negro vindo do Malauí.
Já dizia um velho ditado que mãe não é necessariamente a que gera uma vida e sim a que cria. Qtas crianças são abandonadas pelos pais e pedem uma familia? Qtas mulheres fazem de tudo para ter filhos e não conseguem?

Cito mais um exemplo de celebridade, a apresentadora Astrid Fontenelle adotou recentemente um bebê Gabriel de 2 meses, após inúmeras tentativas frustradas de engravidar com ajuda da ciência. Sem contar na Elba Ramalho e Marcelo Anthony que adotaram 2 filhos cada.
Admiro pessoas que adotam crianças, é um gesto de amor. Se um dia eu tiver condições financeiras mais estáveis, com certeza vou adotar uma criança.


Fazendo parte da blogagem: Adocao, um ato de nobreza!

Adoção:um ato além de nós.



Blog da Grace: Eu e o renascer das cinzas

Não é o sofrimento das crianças que se torna revoltante em si mesmo, mas sim que nada justifica tal sofrimento.Albert Camus

Hoje comeca a BLOGAGEM mais delicada do ano. Idéia da Geórgia e do Dárcio. Tema que resulta num verdadeiro caso de amor. Um amor que vai além de nós ...do intendível...do mensurável...do aceitável...O amor à primeira vista...ao primeiro toque...ao sentir que nos faz suspirar. O único que nasce ao primeiro olhar e permanece até o último de nossos dias.Inabalável feito rocha...tempestade e calmaria. Um descontrole de emoção que nos faz crescer na arte da doação. Da entrega...da solidariedade e do estar sempre junto...
Inicialmente, eu pensei em nao escrever sobre. Me faria sofrer uma dor que teima em nao diminuir.Eu poderia falar da legislacão sobre o tema. Mas nao conseguiria explicar de forma concreta o que tenho guardado calada...com pouca gente a saber. Nao.Eu nunca escrevi uma linha sobre o tema...de forma escancarada.Mas, mês passado, a médica sueca me aconselhou a fazer terapia para suportar a dor de conviver com a distância e ausência de dois filhos que a vida me dera e, ao mesmo tempo, me tomou. A carta abaixo, eu escrevi na noite em que soube de sua morte. Sei que ele nunca lerá...mas torná-la público é um resgate. Uma dívida que eu tinha com ele.
" O nosso primeiro encontro se deu em 2006. Entre centenas de crianças...você me chamou a atençao. O sorriso desdentado, as maos em feridas, os cabelos desgrenhados. Nenhum deles correu para mim...Mas você correu. E me agarrou como se eu fosse a sua tábua de salvaçao.E eu pensei que seria, sim.
Desde aquele momento, nao tive outra intençao a nao ser retirá-lo da guerra, das doenças. A ganância do homem fez de você uma vítima.Os obstáculos que vivenciei para te encontrar nunca foram sentidos por mim antes. Os dias que passamos juntos foram inesquecíveis. Momentos de rara beleza. Tê-lo ouvido falar meu nome, tocado meu rosto, lambido meu nariz fez de mim uma pessoa melhor. Seu jeito doce e sua história sofrida me tocaram profundamente.
Mas o que nos uniu näo foi o desejo imenso de te dar uma vida melhor. Foi o amor...o sentimento que nos leva a nao querer que a pessoa amada jamais sofra.Eu creio que tê-lo encontrado me deu forças para viver uma vida que na época, era muito desinteressante. E perdê-lo me levou a um caos desconhecido. Por meses sem fim, eu vivi no limbo. E este ano, decidi retornar ao Continente Africano. Eu precisava recolher os destroços de mim mesma.E descobrí que um pedaço de mim tinha-se partido. Ter revisitado o lugar em que você viveu a curta estada de vida na terra me fez crer que nada é por acaso.
Semanas atrás estourou uma nova guerra na República Democrática do Congo. Muita gente perdeu a vida. E nao creio que se você tivesse voltado para Goma, em vez de Kinshasa, teria sobrevivido. A guerra é insana. Triste e angustiante. E eu nada pude fazer por você.


Eu quero que você saiba que, se nao fui te buscar é por que eu fui impedida de viajar por meses sem fim. Os planos que eu tinha de vê-lo e tentar junto à ONU para impedir o seu retorno ao país natal foram anulados. Sabe?Nunca devemos acreditar em promessas. Estava tudo certo de que você nao seria mandado de volta para casa.Mas algo estava errado na última vez em que nos encontramos e eu tive que pagar uma quantia alta para ter acesso a você. Sempre fui contra pagar propina. Mas para ter você de volta, eu pagaria o que fosse necessário. Por você...eu passei por cima de meus valores. Levei meses tentando conversar aquele que seria seu pai a te aceitar como filho. No início, ele alegava que estava velho demais para conviver com criancas pequenas e sugeriu que protegêssemos uma somaliana, Fatuma. Mas eu nao queria. E quando uma vez doente, ele me viu depressiva e percebeu que você era uma das razöes...nao pensou duas vezes...E deu o aval.
Pena que foi tarde demais. Um mês depois, um
aviao cargueiro levou meus sonhos. E junto a oportunidade que eu teria de finalizar o processo e dar a você uma vida diferente de tudo o quanto você tinha vivido.

Eu queria que você soubesse que continuo na luta de sempre em querer trazer Allan para viver na Suécia.Mas ele também foi uma adoçao informal e a imigracao sueca nao nos dá o direito de tê-lo conosco.

Você me mostrou que adotar alguém é um ato sublime de entrega e doação. Você me ensinou a abolir todo materialismo gritante. Hoje, eu sobrevivo com pouco. E se busco MAIs é por que sei que posso fazer muita gente feliz. O mundo anda caótico. As pessoas continuam egoístas. E a natureza cada dia mais devastada. Nunca vi, filho, tanta criança perder a vida de forma cruel e covarde como agora. Nunca vi tanta criança vivendo pelas ruas, mendigando e clamando por um lar. Elas nao precisam de muita coisa, nao. Precisam de um pai e uma mäe que facam tudo pela felicidade delas.Por que ter um filho é mais do que expulsá-lo das entranhas. Filho é cuidar sem espera de retorno algum. É a doaçao mais sublime da face da terra.Tem gente que acha nao ser capaz de se doar a uma criança. O que falta nessas pessoas é perder o medo da entrega e, em muitas a capacidade de deixar o egoísmo de lado, abrir o coração, e se entregar. Sem medo de perder a individualidade.

Ontem à noite, o céu cinzento do frio sueco foi agraciado com um brilho especial. A visita repentina de uma estrela a brilhar. Por alguns segundos, eu tive a sensação de que ela estava olhando para mim. Tenho certeza que era você. VALEU, MEU GURI.TER ENCONTRADO VOCÊ FEZ DE MIM UMA PESSOA MELHOR. E, ACEITAR QUE A MORTE É UMA PASSAGEM, ME CONSOLA..."

Só as crianças e os bem velhinhos conhecem a volúpia de viver dia a dia, hora a hora, e suas esperanças são breves.Mário Quintana

No momento, meu coracao vive dividido entre os dois filhos naturais que vivem comigo na Suécia, Allan que está no Brasil e mais 8(oito) criancas de 6 meses a 16 anos -de uma só família- que sao de Ruanda e vivem no Norte de Mocambique. Eu daria tudo para ter todos eles debaixo das asas. Sei que nao posso mas vou fazendo de tudo para dar a cada um deles a certeza de que eles sao especiais para mim.


Fazendo parte da blogagem: Adocao, um ato de nobreza!

Adocao, o filho do meu coracao



Yvonne do blog: BlogGente

Queridos amigos

Fui convidada pela linda Georgia Aegerter para participar de uma blogagem coletiva a respeito de adoção.
Como não tinha nada a acrescentar, em um primeiro momento falei que não iria escrever nada. Convém esclarecer que não gosto nem um pouco de blogagens coletivas. Só que pensei melhor e optei por escrever a minha experiência que nada tem a ver com adoção e sim com o fato de ter um filho que não saiu da minha barriga: um enteado.

Esse filho é o Felipe. Quando eu o conheci, ele tinha apenas três anos e meio. Gostei de cara, mas não por causa dele e sim por ser filho do homem que eu tinha acabado de escolher para me relacionar. Por uma feliz coincidência, estou escrevendo esse meu post no dia 16.10.2008, exatamente 26 anos depois de ter conhecido o Felipe. O primeiro dia não foi muito bom e ele chorou um tanto raivoso. Percebi que não era o momento adequado para iniciar uma amizade e eu, que fui passar o fim de semana com o então namorado, optei por retornar à minha casa no sábado de tarde. Nossa história de amor iria começar quando ele achasse que seria o momento ideal.

No final de semana seguinte, não houve mais problema e nós começamos a ter afinidade, mas ainda assim, ele não era "O" Felipe e sim o filho do namorado. Bom, o tempo passou, até que eu tirei férias no mês de janeiro de 1983 e o meu marido não conseguiu o mesmo período. Já estávamos morando juntos e eu fiquei o tempo todo com o Fê, enquanto ele trabalhava. Fizemos um monte de passeios, íamos à praia do Leme todos os dias (bairro que eu morava), brincava com ele demais. Até que as minhas férias acabaram e eu tive que retornar na quarta-feira de cinzas daquele ano. CARAMBA!!! Foi um dos momentos mais "dramáticos" da minha vida. Ele aos prantos, eu idem, tendo que nos separar como se ele fosse para a guerra e eu para um campo de extermínio. No sábado seguinte iríamos nos reencontrar, seriam apenas dois dias e meio de distância, mas ainda assim estávamos mal. A partir dessa quarta-feira, eu me dei conta de que não tinha mais um enteado e sim um filho.

Essa introdução foi apenas para situar vocês do nosso relacionamento. Tornamo-nos carne e unha. Ele passava todos os finais de semana conosco, inclusive Dia das Mães, Natal, Reveillon, Páscoa e qualquer outro feriadão que vocês puderem imaginar. Foi conosco que ele começou a fazer os seus primeiros deveres de casa do tipo "cole figuras ou desenhe palavras que comecem com o sonzinho de BA". Então, nunca podíamos jogar revistas fora. Normalmente esse exercício era feito nos fins de semana e a mãe deixava tudo a nosso cargo. Eu tinha verdadeira paixão por ele e nada se modificou, mesmo depois que fui mãe. Não vou dizer que eu o amo do mesmo jeito que amo a minha filha, porque seria mentira. Caso ele fosse um filho realmente adotivo que eu tivesse escolhido, tudo seria diferente, mas ele sempre teve mãe. Ainda assim, posso dizer sem sombra de dúvida que o amor que eu tenho por ele é quase o mesmo tanto que eu tenho pela minha filha. As provas de amor foram várias e sempre freqüentes. Uma vez o meu irmão disse para mim que estava duro demais e que iria comprar presente de Natal apenas para a Yasmin. Não me lembro qual era a moeda na época, mas ele disse que seria algo em torno de trinta reais. Eu disse para ele que se ele tinha apenas trinta reais, que comprasse um presente de quinze reais para a Yasmin e outro de idêntico valor para o Felipe. Jamais deixaria alguém chegar na minha festa de Natal sem presenteá-lo.

Em 1994, quando ele tinha 15 anos, passou por uma situação de um certo conflito. O marido da mãe dele foi convidado para ir para o sul do país a trabalho. Então ele deveria escolher com quem iria morar. Tanto o pai, como também a mãe decidiram que ele deveria optar com quem iria ficar e nenhum dos dois iria tentar seduzí-lo. Só que ninguém me chamou para fazer parte dessa combinação e eu, por debaixo dos panos, fiz exatamente tudo que eles decidiram não fazer. Fiz uma chantagem emocional tão elegante que ele acabou optando por morar conosco. Jamais iria deixar o meu neném ficar longe da gente. Além disso, meu marido não iria suportar ver o filho apenas nas férias escolares e feriadões. Ele poderia ficar deprimido, doença que ele já teve. Foi uma atitude tão certa de minha parte que, um ano e meio depois quando a mãe retornou ao Rio, ele ainda assim preferiu ficar conosco e só saiu de casa quando se casou.

Bom, contei um monte de histórias tatibitate, mas a minha grande prova de amor incondicional do tipo mãe pelo filho se deu no ano passado quando ele trouxe para as nossas vidas um monte de problemas que eu prefiro não entrar em detalhes, mas posso dizer que, algum dia, eu vou esquecer o ano de 2007, um dos três piores da minha existência. Ele, sem querer e por falta de experiência, nos deixou em uma situação simplesmente pavorosa. Tão ruim que o meu marido, o maior prejudicado, só falava com ele aos berros por telefone. Foi horrível, mas eu, mais uma vez por debaixo dos panos, tratei de solucionar tudo aos pouquinhos, até que quase um ano depois as armas foram arriadas.

Ele, em diversas oportunidades, já disse para mim que a mãe dele sou eu. É comigo que ele conta quando a situação aperta, não que o seu pai não lhe dê apoio, não é nada disso, mas é que o meu marido é rigoroso demais com os filhos e eu sempre acabei escondendo algumas coisas do tipo nota baixa em Física. Parentes e amigos íntimos ficaram chateados quando ele nos causou problemas. Não tiro a razão deles, mas fica aqui a pergunta que não quer calar: ele não é o meu filho? Então eu o defenderei até morrer.

Felizmente tudo está se ajeitando, nossa vida já está quase voltando ao normal. A dele ainda não, mas está chegando lá. Ele nos deu um presente mais do que lindo: o nosso netinho que só alegrias nos dá. Então, posso dizer que esse filho foi um presente que Deus me deu.

Prá terminar, gostaria de contar para vocês uma história que não tem nada a ver com a minha experiência de mãe adotiva. Conheci um senhor que foi técnico de waterpolo de um grande clube carioca. Seu pai, em mil novecentos e antigamente, conheceu uma mulher e foi morar com ela. Nunca se casaram e tiveram quase vinte filhos. O primeiro era dele com uma mulher que não sei direito qual é a história. Com menos de um ano morando com ela, um dia ele chegou em casa e disse para ela que aquele menino era filho dele e que ela deveria cuidar daquela criança como se fosse mãe. A mulher concordou. Depois disso, eles tiveram esse monte de filhos. Ele morreu e ela ainda durou alguns anos, até que também morreu. Eu fui ao enterro dela e tive a oportunidade de presenciar uma das mais dramáticas e belas cenas de toda a minha vida. Enquanto estava todo mundo estava mais ou menos tranqüilo com a morte daquela senhora com não sei quantos anos de vida, o único que fez um verdadeiro escândalo foi justamente o mais velho que não era filho dela. Ele enlouqueceu de dor e queria ser enterrado junto com a mãe. Filho é de quem mesmo?

Beijocas

Yvonne



Fazendo parte da blogagem: Adocao, um ato de nobreza!

Adocao


Blog do Miguel: Prosa e Verso

Ela está baseada em fatos reais e foi escrita com as tintas do coração.

ADOÇÃO = CARMA?

É preciso, claro, primeiro conhecer os fatos para concluir com certeza sobre o título. Assim sendo, sem maiores preâmbulos, vamos aos fatos:

Ano de 1963:

Dona Tereza (minha saudosa mãe) com 2 filhos já bem criados, ainda se ressente da perda de uma filha que foi abortada. Lembra-se, sempre, de uma decisão tomada quando do ocorrido, se Deus permitisse, adotaria uma menina.
Os anos haviam passado e a decisão, por uma série de motivos, era sempre adiada.

Neste ano da Graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, Dona Tereza consegue contato com um sacerdote católico que se dedicava a promover benefícios às mães-solteiras e outros que tais. Por volta do mês de Julho, foi informada que uma moça, com quem ela nunca teria contato, estava grávida de uma menina e, por falta de condições financeiras e familiares, tinha concluído que daria a filha em adoção tão logo ela viesse à luz e, depois, voltaria para seu local de origem.

Todos os acertos foram alinhavados e a família Chammas passou a aguardar com total ansiedade o nascimento da pequerrucha. Foi uma gestação familiar, se assim posso denominar, onde o Sr. Alfredo, a Da. Tereza, eu, o Antonio Carlos meu irmão, meus primos Roberto e Sonia (na época, órfãos e continuando a morar conosco), minha única tia por parte de pai a Zazá e seu esposo o João e todos os outros agregados se consideravam pai e mãe da esperada menina.

Ano de 1964:

Dia 29 de janeiro o telefone dos Chammas tilinta e eles são avisados que a tão esperada menina nascera. Era perfeita e eles deveriam se preparar para ir buscá-la na maternidade no dia seguinte.

Na data aprazada, fomos para lá minha mãe e eu. A Maternidade, cujo nome não me recordo, ficava no início da Rua Voluntários da Pátria, em Santana. Ali chegando, fomos recebidos por um representante do sacerdote que já havia tomado todas as providências e nos entregou o tão esperado bebe, enrolado numa manta simplesinha. Não tivemos qualquer contato com a mãe biológica e nunca soubemos seu nome ou endereço. Junto com a criança, nos foi entregue uma declaração com os dados para que providenciássemos os registros legais, o que foi feito de imediato constando como pais naturais o Sr. Alfredo e a Da. Tereza. Ludibriavam-se assim as determinações legais e toda a burocracia envolvida.

A menina cresceu forte, linda e totalmente ignorante de sua real origem. O carinho com que era cercada, as atenções que recebia, a inteligência largamente comprovada, fazia daquela menina um sonho transformado em realidade.

Um dia, nuvens negras começaram a toldar o lar dos Chammas. Ameaças de contar a verdadeira origem daquela princesinha surgiram e foram pretensamente afastadas. Como diz o ditado “a mentira tem perna curta”, um dia essa menina soube por terceiros sua verdadeira história.

O choque de saber-se filha adotiva não foi grande, grande foi o choque de saber que os pais, irmãos e parentes próximos, em quem ela sempre confiara, a haviam enganado. Essa constatação, por mais que ela tivesse tentado entender, marcou muito no seu âmago.

Um dia, essa menina, sempre querida e cuidada, instruída, cônscia dos problemas do mundo e da maldade dos homens, cai em tentação e, da mesma forma que a mãe biológica, engravida, ainda na solteirice de sua adolescência.

A família, consciente do fato, lhe dá todo o apoio. Eu, seu irmão, com 24 anos mais velho do que ela, lhe dou total guarida e lhe prometo tudo de melhor durante a gravidez e depois dela, infinitamente.

O cérebro humano é bastante enigmático, sabe-se lá o que e como toda aquela situação se apresentou no intelecto daquela menina-moça. A princípio, ela aceitou a situação e trouxe à luz um lindo e forte garoto. Depois, desandou a fazer bobagens, a viver uma vida para a qual não havia sido preparada.

O filho, inocente, passou a ser relegado e, um dia, ainda morando em minha casa, ela saiu para comprar pão e não mais voltou. O filho havia ficado no berço e junto a ele um bilhete em que dizia não estar mais suportando a situação e nos entregava o garoto da mesma forma que a mãe a tinha entregado.

A principio tentei demove-la da decisão. Percebendo, com o passar do tempo que não poderia alterar a situação, decidi que adotaria o garoto, mas o faria dentro das formas legais.

Foi o que fiz, junto com ela, meus pais e minha esposa, perante o juiz, regularizamos toda a situação e o menino passou a ser nosso filho (meu e de minha esposa).

Para não incorrer no mesmo erro de meus pais, desde a mais tenra idade fui mostrando a esse menino que ele, mesmo não tendo saído da barriga de sua mãe, era tão ou mais filho nosso do que suas irmãs, uma vez que ele nos havia sido oferecido por Deus e por nós escolhido.

Surpreso, percebi que ele, por mais tentativas nossas em discutir ou conversar sobre a sua situação de filho adotivo, ele se recusava, peremptoriamente, a qualquer tipo de abordagem ao tema.

Preocupados, depois de um pouco mais velho, o levamos a uma psicóloga infanto-juvenil que, depois de várias sessões, concluiu que ele era perfeitamente normal, que nos considerava realmente como seus verdadeiros pais, por nos amar de paixão e, simplesmente, por causa desse amor, não pretendia discutir nada a respeito de sua adoção que ele considerava inexistente.

Aceitamos a decisão por ele tomada e a paz reina entre nós, até esta data. Graças a Deus, não cometi o mesmo erro pela segunda vez e fui, assim, agraciado com o amor eterno desse filho querido que, mesmo depois de ver o casamento de seus pais terminado, segue nos amando e respeitando sem quaisquer restrições.

Por causa desses fatos é que o título desse texto é ADOÇÃO = CARMA?

Conclusões e arremates:

Este depoimento eu faço para atender a conclamação de meu considerado Dácio e da caríssima Geórgia para uma blogagem coletiva sobre o tema ADOÇÃO. Espero tenha atendido aos anseios dos promotores.

A mãe biológica, minha irmã, hoje já voltou a ter contato com ele que nutre por ela apenas o carinho dedicado a uma tia, irmã de seu pai, de quem só há muito pouco tempo teve conhecimento.

Finalmente, na madrugada do dia 1º de Janeiro de 2005, por decisão única e exclusiva do meu filho, numa conversa nossa ao redor de umas várias cervejas bem geladas, ele me perguntou sobre detalhes da sua história e origem. Coisa que fiz com todas as minúcias necessárias. Essa conversa terminou quando o sol da manhã chegou para ocupar, com sua claridade, o quintal de minha casa. Um grande e forte abraço foi trocado entre esses dois amigos e eu recebendo, ainda, um beijo carinhoso desse meu filho, já homem feito.


Fazendo parte da blogagem: Adocao, um ato de nobreza!