sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Adocao


Isabel Cristina do blog: Mulher e mae


Adocao

Estou participando da blogagem coletiva sobre adoção. Este é um assunto muito presente na minha vida.


Não, minha filha não é adotada. Eu a gerei, pari, com ela tenho o tal " laço de sangue".

Este ato nobre partiu de meus pais. Minha mãe adotiva se casou com trinta anos, depois de muitas tentativas, descobriu-se que ela não podia ter filhos. Mas a solução estava a caminho...

Minha mãe biológica convidou o casal, hoje meus pais adotivos, para serem meus padrinhos. Como ela passava por muitas dificuldades, era mãe solteira , então meus padrinhos conversaram com ela e propuseram cuidar de mim, e ela poderia continuar me vendo. Assim foi por um tempo, mas as visitas dela foram só espaçando até que ela sumiu no mundo. Nunca mais se ouviu falar dela e eu ainda era um bebê de colo. Meus pais pegaram a minha guarda, e assim foi até os meus 18 anos. Eu os considerava e amava como meus pais, mas na minha certidão de nascimento constava o nome de minha mãe biológica e no lugar do nome do pai um espaço em branco. Eu fiquei sabendo cedo que não era filha de sangue, com 9 anos. Engraçado é que eu já sentia isto muito antes. Quando minha mãe me contou não foi nenhuma novidade para mim. Recebi a notícia calmamente e continuei brincando. Eu me sentia tão segura e amada!!


Minha mãe morria de medo de me perder. A minha mãe biológica sumiu, mas acho que minha mãe temia que ela voltasse a qualquer momento e me levasse embora. Hoje fico imaginando o sofrimento dela! Quando completei 18 anos e precisei tirar todos os meus documentos por causa do vestibular, meus pais resolveream regularizar minha situação e partir para a adoção. Minha mãe biológica tinha realmente desaparecido, eu já convivia com eles há bastante tempo e nem me lembrava mais do rosto da minha mãe verdadeira, diante disto tudo a juíza decretou que a mãe biológica havia perdido o " pátrio poder" (não esqueço esta expressão!) e o caminho para regularizar a adoção foi mais curto. Com 18 anos eu acrescentei o sobrenome dos meus pais adotivos, tirei outra certidão de nascimento e isto foi motivo de muita emoção e orgulho para mim! Eu havia nascido de novo!!


A relação dos meus pais comigo sempre foi super carinhosa e verdadeira, eu me considerava da família e nunca sofri discriminação por causa disto. Eu recebi muito amor, meus pais me deram tudo que eu precisava e mais um pouco, a adoção foi uma experiência muito tranquila para mim e só enriquece minha história de vida. Como qualquer relação de pais e filhos teve seus momentos bons e seus percalços também.


Gostaria de frisar que existe uma grande diferença entre adotar uma criança e " pegar para criar". Adotar uma criança implica em todas as responsabilidades que a criação de uma criança exige: amor, educação, alimentação, cultura; adotar uma criança é recebê-la no seio de sua família, como uma igual, com todos os direitos e deveres, sem qualquer diferenciação ou ato discriminatório. Uma criança adotada não tem o laço de sangue, mas tem o laço do coração, que muitas vezes é mais forte e une para toda a vida.


Eu penso em adotar? Sim, sempre pensei. Adotar como uma forma de agradecer o que a vida me proporcionou, dando esta mesma oportunidade para alguém. Está em meus planos adotar uma criança, mas só vou colocar em prática este ato se eu tiver certeza que poderei proporcionar para esta criança as mesmas oportunidades que darei para minha filha de sangue. No momento a questão financeira está me limitando bastante, infelizmente.
Adotar uma criança é um gesto nobre e enriquecedor,e tem que ser muito bem planejado e preparado, às vezes esta preparação dura bem mais que os nove meses de gestação!
No meu caso, durou 18 anos!! E sempre vale a pena!!