sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Adocao, um ato de nobreza!


Vivi Bastos do blog: Mixcelânia

Adocao, um ato de nobreza!

Dedico o espaço do post de hoje à blogagem coletiva ADOÇÃO, UM ATO DE NOBREZA. A discussão sobre o assunto é bem-vinda afinal, a problemática assinala um percurso inacabado onde há muitas pedras a serem tiradas do caminho para que delas se construa um mundo melhor.

Ele trouxe-nos luz quando chegou. Sua presença pequenina e toda embrulhada em uma trouxinha de panos nos enchia de sorrisos. Assim que meus pais chegaram com aquela trouxinha de onde só se podia avistar fiapinhos de cabelos encaracolados, eu soube que o evento que ali se apresentava seria um marco em nossas vidas. Um marco como as pedras utilizadas pelos patriarcas bíblicos para assinalar os milagres de Deus. A adoção quando afetiva é isso: milagres acontecendo a cada dia quando uma criança, antes abandonada a sua própria sorte, pode crescer bem assistida e amada.

O afeto que faço menção não é daqueles de beijinhos e de abraços. Afeto pressupõe mais. Sua acepção original nos oferece uma graduação maior do sentido com que a utilizamos: significa “ir atrás”, isto é, um movimento para fora de si mesmo. Transportado para o contexto da adoção, o afeto não coexiste com decisões de escopo egoísta. È uma decisão que se faz de cor, de coração.

Aqui em casa, nosso universo se abriu para que meu irmão entrasse. Mas, não pensem que não houve troca. Nesse processo, há um superávit de coevolução. Ao abrir nosso mundo para que ele entrasse, ele abriu o seu para que também nós entrássemos. Não fomos somente nós que o escolhemos. Ele nos escolheu. E até hoje (desde que já se passaram 18 anos) assim é. Sempre nos pusemos contra a adoção plena cunhada no espírito mercadológico de se ter em casa uma criança “pura”, sem marcas genéticas e sem história. Por isso, nunca desprezamos o direito que ele tem de conviver com sua família natural.

Acredito que uma das problemáticas do atual sistema de adoção diz respeito a esse modelo “ideal” de crianças adotáveis: branca, saudável, bebê, menina e “perfeita”. Será que tal prática assinala-se como preponderante para explicar a desproporção entre o quantitativo de crianças e adolescentes a espera de adoção e o número de pessoas com a intenção de adotar?

Bem, essa questão identitária precisa ser mencionada e mais bem avaliada, pois ao se estudar os principais atores desse processo é possível alcançar soluções para esse problema de ordem cultural levada a efeito pelas políticas de adoção pautadas em critérios de exclusão. Não é a toa que indicadores como idade, raça e síndromes, em muitos casos, são considerados importantes para evidenciar maiores ou menores probabilidades de adoção.

Há muito que se pensar sobre o assunto. Ele não se esgota aqui. Se não há um mundo ideal onde crianças são cuidadas e inexistem casais inférteis, temos um mundo concreto onde é possível vislumbrar mudanças de pensamentos e rupturas de mitos. Perpetuar a espécie é mais do que procriá-la. È cuidá-la no esforço ético de reproduzir tradição e sentimento.

Pense nisso.

Fazendo parte da blogagem: Adocao, um ato de nobreza!

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