sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Adoptar: um ato de nobreza?


Vilma do blog: Coisas de mim!


Na sequência da blogagem colectiva sobre a adopção, senti no meu coração escrever algo sobre a adopção.
Tenho muitos textos bonitos no meu blogue sobre o que tenho vivido e experimentado com a adopção, no entanto, em relação ao Desafio lançado pela Georgia sobre Adopção Um Acto de Nobreza, eu gostaria de dizer o seguinte:

Sou mãe adoptiva.
Desejei e esperei pela minha filha 4 anos e meio, desde que me inscrevi na adopção.
Amei-a antes de a conhecer, tal como uma mãe biológica ama e deseja o seu filho no ventre.
Passei pelas mesmas dúvidas e receios.
Adoptei-a como minha filha e nada neste mundo pode mudar isso.
Mas pergunto: Foi isso um acto de nobreza?
Não vejo nisso um acto nobre.
Não é um acto mais nobre adoptar um filho que concebê-lo!
Para ser um acto de nobreza, precisaria de ter ido muito mais além.
Adoptar como filho uma criança saudável, linda, meiga, fácil de ser amada e que vem satisfazer o desejo materno, não é nobre.
É apenas natural!
Nobre, é adoptar uma criança portadora de deficiências físicas, sejam elas motoras ou mentais.
Nobre, é adoptar uma criança difícil de ser amada, porque a vida já a marcou muito e dentro dela estão todas a mágoas, revoltas e dores, frutos da rejeição a que foi sujeita.
Nobre, é adoptar uma criança, independentemente da sua raça, côr ou idade.
Nobre, é quando se tem um ou mais filhos biológicos e escolhe-se amar uma criança e fazê-la parte da família, ainda que não seja sua carne.
Nobre, é optar por adoptar um filho, em vez de se submeter a tratamentos caros para satisfazer o nosso desejo de ver o ventre crescer.
Isso sim, é um acto de nobreza.
Sei que a lei não ajuda e nem facilita os processos de adopção.
Dizem que é para pensar nas crianças.
Mas não.
Nenhuma criança deveria esperar tanto tempo para ter direito a um lar, a uma família que a ame.
Nem sempre o laço de sangue é a melhor opção.
O amor, esse sim, é o laço maior.
O meu gesto não foi um acto de nobreza.
Eu precisaria de ter ido mais além.
Além do meu comodismo, além das barreiras e dificuldades que coloco a mim mesma.
Aí eu consideraria que ter adoptado, seria um gesto de nobreza!
Aí sim, poderíamos ver descer o número de crianças por adoptar.
Isso é ser nobre.
Isso é ser audaz!
Fazendo parte da blogagem: Adocao, um ato de nobreza!

Caso nao queira seu post aqui, por favor fazer contato. Obrigada.