quarta-feira, 19 de novembro de 2008

adocao

Nangba do blog: N'misti bós tudo


Experiências intensas e inesquecíveis


Trabalho há cerca de dois anos e meio com crianças que são encaminhadas para adopção. Até agora já passaram 15 meninos directamente por mim, dos quais três ainda permanecem institucionalizados.
Tenho dito a muita gente que o segredo para não chorar muito nesta profissão é ver as coisas sempre pela perspectiva das crianças/ bebés. Assim pensamos que é melhor irem para ali do que estarem em determinadas condições na família biológica e acreditamos que é melhor irem para a família adoptiva do que permanecerem ali, mudando de cuidadores de 8 em 8 ou de 10 em 10 horas...
Em todas as integrações em famílias adoptivas que fiz houve sempre uma certa magia. De alguma forma aquela criança parecia-se com o pai ou com a mãe e de um momento para o outro acabava por criar laços muito fortes com a sua nova família. Estamos a falar de bebés com menos de 2 anos, muitos deles com menos de 15 meses. O que acontecia com frequência é que no último dia de integração, conhecendo já a sua nova casa, estes bebés ainda dormiam na instituição mas não se misturavam com os seus amiguinhos como que afirmando que já não pertenciam ali. Não brincavam com eles e sempre que estes se aproximavam eles refugiavam-se no adulto presente na sala.
Penso muitas vezes na adopção como um acto de coragem, sim! Muitas vezes os pais adoptivos não estão preparadas para tudo o que irá acontecer no futuro mas quem o está? Nem sequer os pais biológicos estão muitas vezes.
O que eu gostava muito é que encarassem no futuro todos os pequenos ou grandes problemas como normais de um processo de crescimento da criança, que acontece em todas as famílias mas que as adoptivas podem interpretar de forma errada por não serem os pais biológicos.
Muito se fala em Portugal dos pais do coração... é preciso muita capacidade de amar para adoptar alguém que não é nosso. Se são capazes de o fazer, então, esse mesmo amor será a grande arma destes casais e destas famílias.
Uma das coisas que me magoa um pouco embora acabe por entendê-la de certa forma, é o facto destes pais mudarem o nome dos seus filhos. Principalmente quando são meninos com mais de um ano... acho, sinceramente, que é um egoísmo demasiado grande embora reconheça que ajuda os pais a fazerem uma vinculação mais serena áquela criança.
Para terminar, gostava de vos contar aqui algo que me tocou particularmente. Uma mãe que ao conhecer a sua filha de 3 meses apenas, se apaixonou tão automaticamente que já não queria sair dali para nada, nem sequer para almoçar... Em todo o longo dia ela não conseguiu tirar os olhos da sua filha, nem sequer para tirar uma fotografia com a equipe que os acompanhou ao longo de todo o processo... que todas as mães e todos os pais adoptivos sejam capazes desta intensidade desta maternidade e paternidade interna...
Bem hajam!

Fazendo parte da blogagem: Adocao, um ato de nobreza!

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