terça-feira, 18 de novembro de 2008

Adocao, um ato de nobreza!


Dalva do blog: Interlúdio
Parte 2
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ABANDONO
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Manhã fria
Barriga vazia
Pés descalços, descendo o morro
Nos olhos um pedido de socorro
Olhos de velho
Num rosto de menino
Lembram outros olhos
A olhar por baixo de uma coroa de espinhos
Corpo magro e franzino
Coração a saltar no peito, qual passarinho assustado
Começa o dia
De mais um menor abandonado
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St Duha – Curitiba, PR
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Tio,
Tentei te chamar, mas não sei teu nome.
Tentei te escrever, mas não sei teu endereço.
Tentei te ver, mas, sequer, te conheço, então,
abri meu coração, sussurrei uma prece e sonhei com um novo alvorecer,
onde alguém me chame de filho,
ainda que a vida cruenta sobrevenha ao espírito natalino,
mas por toda uma existência remanescerá aferrado na minha alma,
o doce perfume de, como por um encanto,
eu ter vivenciado a magia da natividade,
através de um pai/padrinho para chamar
de MEU!!!
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Dimenor
de paradeiro errante, às vezes encontrados com seus parceiros de rua,
ou eternamente nos orfanatos
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"Ficar no orfanato é horrível. As crianças “ têm inveja
daquelas que vão ser adotadas. No Natal, as visitas vêm e
escolhem as crianças e eu ficava muito triste quando não era escolhida.
Uma vez eu fui escolhida e achei muito bom! Mas... eu tive que voltar ao
orfanato.'”
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(Menina, 12 anos, morou em instituições e foi adotada com 8 anos)
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HISTÓRIA DE DOR E AMOR
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“Sofia é uma menina de 10 anos de idade e mora em orfanatos desde os 2.
No seu prontuário consta que a sua mãe, tinha mais três filhos, a deixou lá ‘somente por um tempo, até encontrar um emprego’. Hoje Sofia tem o adjetivo de ‘institucionalizada’,
pois sua mãe nunca mais voltou para buscá-la. Ela não sabe responder por que está morando em um orfanato e não lembra nem de sua mãe nem de seus irmãos. Nesses oitos anos, ela já morou em três instituições diferentes e nunca recebeu visita de ninguém. Quando lhe perguntamos qual era o seu maior desejo, o maior presente que ela poderia ganhar, Sofia respondeu:
‘uma família’. Depois de alguns segundos pensativa, ela completou: ‘eu queria alguém que me
chamasse de filha, queria dormir numa cama aconchegante e ser feliz para sempre’.”
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“Um mecanismo utilizado pelas crianças institucionalizadas é inventar uma nova família,
enquanto aguardam ansiosamente que alguém as adote. Os funcionários são tios, os colegas
são irmãos e até a pesquisadora torna-se uma possível candidata a mãe: ‘É você que vai me
adotar?’, pergunta Pedro, sentindo-se orgulhoso de estar sendo entrevistado. A maioria das
crianças gosta de conversar com visitantes, tocá-los ou ficar quietinho por perto, pois o que há
de mais precioso na vida delas é o fato de serem objeto de afeição de alguém, mesmo que seja
por alguns minutos. Seus sentimentos a respeito de família são confusos e ambivalentes, numa
variação assistemática entre saudade, dor, fantasia, culpa e raiva, como bem mostra uma carta
à sua mãe de um menino de 12 anos, que há 11 anos mora em instituições: ‘Mamãe, você me
abandonou e eu sinto muito porque você fez isso comigo. Já faz 11 anos que não te vejo... Você
foi muito cruel comigo, como eu estou com saudade de você, mamãe,
mas eu não sei onde você está... Um beijo do seu filho que não te ama.”
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Fazendo parte da blogagem: Adocao, um ato de nobreza!

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