terça-feira, 11 de novembro de 2008

Adocao, um ato de nobreza!


Edu do blog: Varal de Idéias




Convocado à participar desta blogagem coletiva " Adoção, um ato de nobreza", pela amiga Georgia, não me furtaria, apesar do tema fugir, completamente, dos tratados aqui no Varal.
Também não sou especialista, e não fui me informar sobre tecnicidades do assunto, tão delicado e importante. Delicado porque envolve vidas humanas, e importante porque a carência de pais adotivos é grande no Brasil. Tenho alguns exemplos, próximos de minha família, e sobre eles vou dar meu testemunho. Meu primo Fernando, depois de muitos anos casado, e sem filhos, adotou. Teve muitos problemas com a criança enquanto adolecente. Nunca mais tive notícias.Outros dois casos, um de meu sogro A.S. que em seu segundo casamento, com seus filhos e de sua esposa, criados e casados, educou o filho de uma empregada, completamente irresponsável, que se engravidou, não sabe de quem, e apareceu com uma barrigona. A criança foi batizada com todas as pompas de que era habitual ao meu sogro, e recebeu uma educação semelhante a de seus filhos. A dita mãe e empregada desapareceu, e raras vezes voltou a ver o filho, que na verdade sempre tratou de pai e mãe os que o educavam e criavam. Antes de morrer A.S. fez questão de dar o seu sobrenome ao jovem. Este formado casou-se e tem filhos, é um trabalhador exemplar, sem me esquecer de dizer que foi na meninice um atleta até romper os ligamentos e encerrar brilhante carreira esportiva. Todos os filhos do casal tratam-o como irmão! Linda história de adoção. E outra igualmente feliz, a de meu cunhado A.L.C. que tendo dois lindos filhos, no seu segundo casamento adotou uma criança que hoje é um ótimo rapazinho, estudioso, bom carater, e só deu alegrias à família. Com estes três exemplos, que conheço pessoalmente, quis dizer que a possibilidade de se fazer o bem a si e ao próximo é grande, e que adotar é um ato de nobreza e coragem. Muitas pessoas que sem filhos se apegam a animais de estimação deveriam estar se presenteando adotando uma criança, e dela fazendo um ser humano mais feliz! É o que penso sobre o assunto. Obrigado Georgia por me obrigar a fazer uma oportuna reflexão sobre o tema.

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Adocao, plantar dedicacao e colher amor



Ronaldo do blog: Qualiblog

Para explicar a razão do título vou contar uma história. Depois que lerem, entenderão.

Esta história começa no final da década de 60. Uma criança nasceu bastante debilitada, na Santa Casa de Misericórdia, um hospital administrado por freiras. Talvez tenha sido essa a sua sorte, pois certamente foi a misericórdia divina que colocou um anjo no caminho dessa criança…

Nascido já órfã de pai, que pelo que consta morrera enquanto a mãe estava grávida, podemos achar que o início da vida para esse bebezinho começou bem ruim. Mas não o bastante, pois em poucos dias sua mãe também faleceu, fraca que estava pelos embates da vida na falta do marido. O bebê não estava ainda fora de perigo, visto que permaneceram, ele e a mãe, internados no hospital após o parto. Com a partida da mãe, ele passou a ter por irmãos os outros bebês da enfermaria e por mãe as enfermeiras e as freiras, que se compadeciam do triste destino daquela criança, pouco comum. Dentre elas uma enfermeira se desdobrava em cuidados, alegrando-se por cada sinal de melhora que o bebê apresentava. Seus cuidados constantes e carinho certamente foram um bálsamo para aquele inocente que ignorava seu destino e que, por agradecimento, podia apenas apertar na pequena mãozinha o dedo da sua protetora. Ela, claro, tinha outros afazeres como enfermeira da ala infantil (hoje chamam de neo-natal, acho que fica mais chique) e não podia dar tanta atenção a uma única criança, mas aos poucos, coisa de destino talvez, ela se apegava mais e mais àquele bebê…

A Madre Superiora era quem dirigia o hospital, uma freira austera, exigente, mas muito bondosa. Ao ver a enfermeira com o orfãozinho no colo se preocupava, pois em sua experiência de idosa percebia que aquele carinho já não era profissional. Ceci, a enfermeira, se apegava demais a uma criança que em breve deveria deixar o hospital, pois seu drama já era conhecido por algumas pessoas e procuravam uma família que se interessasse em adotar o pequeno.

Sabendo disso, dias depois, após se aconselhar com um advogado seu amigo, Ceci fez a proposta à Madre: Queria adotar o garoto. A Madre lhe alertou que, por ser solteira, não poderia adotá-lo, mas que poderia obter a guarda do menino com a ajuda de algumas pessoas. Ceci aceitou que fosse assim. Mas havia um problema. Talvez não seria possível manter-se no emprego, já que o menino lhe tomaria muito tempo. Como Ceci morava com seus pais, não viu aí um grande entrave. Algum tempo depois viu que a carreira de enfermeira não era compatível com a de mãe e deixou o hospital. Enfrentou problemas em casa, pois sua mãe já não tinha paciência para ter crianças pequenas ali. Além disso, chegaram aos seus ouvidos comentários maldosos sobre a filha que estava com um bebê e não era casada…

Com o tempo, Ceci acabou por alugar uma casinha e ir para lá com o seu “filho do coração”, como se referia ao pequeno. Manteve-se costurando para fora e fazendo pequenos serviços de enfermagem. Não tinha mais tempo para ela própria, batalhando o sustento dos dois, cuidando do garoto… Uma colega a convidou para um trabalho diferente: ser enfermeira particular de uma senhora bem idosa, noutra cidade, de família muito rica. Ceci somente aceitou após se certificar que poderia levar o filho, coisa que a família da Sra. Risoleta não objetou, já que a casa era imensa, teria espaço para um menino de três anos e era difícil encontrar uma enfermeira com tão excelentes referências e que aceitava morar no emprego.

Com a vida que levava, praticamente vinte e quatro horas à disposição da idosa matriarca daquela família, seu pouco tempo disponível ocupava em cuidar do filho, raramente saía. Recusou namoros, alguns até compensadores. Trabalhou muitos anos para aquela família, que tratava a ela e seu filho como se fossem de casa. D. Risoleta, com o tempo, considerava o “bambino” quase como um de seus netos.

Quando o seu filho já estava com dez, onze anos, Ceci reencontrou um antigo conhecido, o Sr. Geraldo. Acabaram casando e ela deixou aquele emprego para partir para uma nova vida, simples, com os problemas e dificuldades de uma família de classe baixa, mas ela teria um lar para chamar de seu. No fundo, realizava um desejo do filho, que por muitas vezes queixara-se de não ter um pai… O resto é outra história…

O filho adotivo da enfermeira Ceci sou eu. Quando adulto é que soube a verdadeira dimensão do amor de minha mãe, que abdicou de tantas, tantas coisas na vida, até da vida que poderia ter tido, para cuidar de mim e me tornar alguém. E hoje, um dos meus projetos de vida é adotar uma criança também. Fazer por outra pessoa o que foi feito por mim. Ainda não chegou o momento de realizar esse sonho, mas já preparo meu filho para receber um dia um irmãozinho ou irmãzinha “do coração”. O destino é uma coisa engraçada… Minha esposa também é filha adotiva, e por isso mesmo sabemos que não teremos problema algum em receber em nossa família uma criança que não foi gerada por nós, independente de raça, aparência, do que for, ela será tão amada como nosso filho é, e lhe dedicaremos tudo o que pais devem dedicar aos filhos. Às vezes ficamos conversando e imaginando como seria ter em casa mais uma criança, principalmente agora, que o Nathan logo será um adolescente.

Posso garantir, por experiência própria, que ninguém deve ter receio em adotar uma criança. Dando-lhe muito amor, carinho, respeito, educação, ela saberá retribuir tanto quanto um filho que carrega o seu DNA.

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Adocao, um ato de nobreza!


Adao do blog: Adao Conectado


Alguns podem achar que a palavra nobreza pode não ser apropriada para esta blogagem coletiva, que participo a convite do Saia Justa, porque NOBREZA, tem como parte de sua definição uma parte ligada à sociedade nobre, ligada à fidalguia. Entretanto, a palavra não tem apenas esta definição. Ela também significa agir ou ter ação notável, ilustre, célebre, majestosa, augusta, generosa, longânima, magnânima. Assim é a adoção.

Eu, Adão Braga, antes de casar e constituir família tinha como meta, mesmo depois de “ter”, melhor, “ganhar” filhos biológicos, adotar quantas crianças fosse possível. Mas, a questão é: porque antes de casar?

Depois de casado, descobrir que meu conjuge nunca demonstrou ter esta alma notável, ilústre, célebre, majestosa, augusta, generosa, longânima, magnânima. Minha opinião encorpou definitiva e permanetemente, quando a ouvi declarar, que “não gostaria em nenhuma hipótese dividir os bens da família com uma criança adotada, que teria os mesmos direitos aos bens que os filhos dela!”

Estas palavras, fez hibernar em mim tal desejo. Mas, ainda espero que ela chegue a maturidade e a conhecer o amor numa face menos egoísta. Minha participação é sobre os sexto e o sétimo item da blogagem:

  • Gostaria de discutir o assunto mesmo que não queira adotar uma criança?
  • E como vê toda essa situação na sociedade em que vivemos?

Em 1997, estava eu numa excurção na região de Irecê, e usei as seguintes palavras numa reunião evangélica:

- Se todos aqueles que se dizem seguidor de Jesus, adotassem uma criança, em poucos anos, não haveria a necessidade de as igrejas terem que sair de casa-em-casa para pregar o evangelho.

Esta minha opinião, é baseada nos conselhos de Ellen White, uma escritora americana. Ela era considerada profetisa no meio Adventista do Sétimo Dia, e os textos abaixo, foram escritos nos últimos anos do século 19 e no inicio do século 20, ou seja, antes de 1900. Isto mesmo! Os conselhos desta senhora, era para que as famílias Adventistas adotassem crianças nestes longinquos anos. Ei-los abaixo:

Abram aqueles que têm o amor de Deus, o coração e o lar a essas crianças. Não é o melhor plano cuidar dos órfãos em grandes instituições. Caso eles não tenham parentes capazes de tomar conta deles, os membros de nossas igrejas devem, ou adotar esses pequenos em sua família, ou encontrar lugar conveniente para eles em outros lares. Testemunhos Seletos - Volume 2 – Pág: 519

Meu esposo e eu, embora chamados para árduo trabalho no ministério, sentimos ser nosso privilégio trazer para dentro de nosso lar crianças que necessitam cuidado, ajudando-as a formar caráter apropriado para o Céu. Não podíamos adotar bebês, pois isto teria monopolizado o nosso tempo e atenção e roubaria ao Senhor o serviço que de nós requer em levar muitos filhos e filhas para Ele. Mas sentimos que a instrução do Senhor em Isaías 58 era para nós, e que Sua bênção nos acompanharia na obediência a Sua Palavra. Todos podem fazer alguma coisa pelos pequeninos necessitados, ajudando a pô-los em lares onde possam ser cuidados. Manuscrito 35, 1896. Beneficência Social – Pág: 221

Deus tem um povo neste mundo, e há muitos que podem adotar crianças e delas cuidar como os pequeninos de Deus. Carta 68, 1899. Beneficência Social – Pág: 232

Se tivésseis vossos próprios filhos para pordes em exercício cuidado, afeição e amor, não estaríeis tão encerrados em vós mesmos com os vossos próprios interesses. Se os que não têm filhos e que têm sido por Deus feitos mordomos de recursos, dilatassem o seu coração no cuidado de crianças que necessitam de amor, zelo e afeição, bem como assistência de bens do mundo, seriam mais felizes do que são hoje. Sempre que jovens sem o piedoso cuidado de um pai e o terno amor de uma mãe estiverem expostos à corruptora influência destes últimos dias, é dever de alguém suprir o lugar de pai e mãe para com alguns deles. Aprenda-se a prover-lhes amor, afeição e simpatia. Beneficência Social – Pág: 233

É estranho que não exista entre as diversas comunidades cristãs esta cultura de adoção. Há, certamente, uma tendência e uma maneira social diferente da que hoje vivenciamos, mas, observo nos escritos dela, e comparando com a atual situação que a “conduta humana”, nesta situação, parece-me não ter sofrido mudanças no último século.

Baseado nestes conselhos, já consegui fazer com que duas famílias adotassem crianças. A primeira delas, ouviu a conversa na reunião que citei acima e adotou a criança. Dois anos depois, ela me encontrou, e disse, que havia adotado uma criança porque ouviu o conselho que eu havia dito na reunião. Depois de quatro anos ela engravidou.

Um amigo que há 17 anos casado e a esposa não engravidava, viajou seisentos quilometros para adotar o filho que sempre desejou.

Só para atiçar, saibam todos, que, quem mais adota neste mundo é o próprio Deus. Vou esclarecer. O evangelho diz que Deus só tem “UM FILHO ÚNICO”, leia nas palavras do evangelista João:

“Deus amou o mundo tanto, que deu o seu único Filho, para que todo aquele que nele crer não morra, mas tenha a vida eterna.”

Se Deus, tem filho único, fica entendido que todos nós outros somos filhos adotados. E o apóstolo Paulo confirma ao informar que somos “filhos de adoção por Jesus Cristo, […], segundo o beneplácito de sua vontade” (Efesios 1:5) e ambém declara: “… recebestes o Espírito de adoção de filhos, pelo qual clamamos: Aba, Pai” - (romanos 8:15).

Depois de tudo, repito o conselho de Jesus:

Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também

Vá lá e adote!

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Adotar é amar doando o que está guardado


Christi Xavier do blog: Essencialmente Palavras

Pedacinhos de um escolhido....

Um dia nasci sem berço, deitado no meu espaço coletivo, encontrei um abrigo...
Fui crescendo e perguntando pela mamãe e pelo papai, e me diziam que se eu olhasse pela janela com fé e esperança, um dia eles chegaríam, juntos, ou um por vez.Do outro lado da cidade, viviam Maria e José, casaram novos, formaram carreiras, mas não conseguiam ter filhos, cada tentativa e dinheiro usado era uma tormenta sem fim, uma tentativa e outra e nada, exames mil, choro, lágrimas, muitas lágrimas, e eles olhavam pela janela buscando uma explicação, por terem sido escolhidos pra não gerarem uma criança.

Um dia nasci sem berço, e tive febre, e tremi com o corpo e com a alma, e queria colinho, mas na janela não encontrava, demorando está... vem logo gente, me dar afeto, que eu quero mesmo nessa vida é olhinho de carinho sobre mim.
Maria e José choravam juntos.
Eu também.
Meus ossos estão crescendo, to ganhando altura, ouvi dizer que fica difícil depois que cresce um pouco mais, a janela vai ficando só com um lado aberto, e é mais estreita a passagem dos pais. Pedia a Deus, pra eles poderem passar mesmo assim, ao me olharem, ao me "escolherem", faríam um esforço tremendo pra poder passar, e me pegaríam com mãos firmes, pois no meu país eu e meus amigos do abrigo, deslizamos com a tal da burocracia.
Maria e José pensaram, e decidiram buscar minha janela, me olharam, e me amaram e eu os amei, me eram estranhos, mas eu podería os chamar de pais... eles fizeram um esforço incrível pra passar, papeladas, assinaturas, visitas e mais visitas, e um dia, eles me fitaram nos olhos e me disseram que eu tería uma casa pra abrigar meu corpo, alma e espírito...
E eu chorei........Maria e José também........
O tempo passou e quando me perguntaram o que eu sentia de diferente em não ser filho biológico deles, eu respondia com olhos fechados, onde minhas lembranças ganhavam forma e vida, eu não lembro quando saí do ventre de Maria, mas me lembro de cada toque conquistado, lembro da febre então agora acompanhada, do carinho com o cabelo penteado, da roupa com cheiro de flor, lembro que não sei diferenciar essa palavra biológico e adotivo... Aprendi a ser filho, porque não nasci sendo.....Aprendi a ser adotivo, com olfato, tato, paladar, visão e audição, mas antes de todos os cinco sentidos de um ser humano, Aprendi a ser amado.

Um dia nasci sem berço....
Adotivo encontrei Amor.

No Brasil, a adoção é regida pelo Código Civil e pelo Estatuto da Criança e do Adolescente.
O adotante deve ser uma pessoa maior de dezoito anos, independentemente do estado civil, ou casal, ligado por matrimônio ou união estável.
Além disso, a diferença de idade entre o adotante e o adotado deve ser de, no mínimo, dezesseis anos.
Deve haver intervenção do juiz, em processo judicial, com participação do Ministério Público.
A adoção é irrevogável, mesmo que os adotantes venham a ter filhos, aos quais o adotado está equiparado, tendo os mesmos deveres e direitos, proibindo-se qualquer discriminação.
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Casa....

Era uma casa muito engraçada
Não tinha teto, não tinha nada
Ninguém podia entrar nela não
Porque na casa não tinha chão
Ninguém podia dormir na rede
Porque na casa não tinha parede
Ninguém podia fazer pipi
Porque penico não tinha ali
Mas era feita com muito esmero
Na rua dos bobos, número zero

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Como adotar uma crianca



Du do blog: A moca do sonho


A Associação dos Magistrados do Brasil - AMB, está lançando a segunda fase da sua campanha Mude um Destino através do que visa conscientizar os cidadãos acerca da realidade de vida das crianças moradoras de abrigos que, muitas vezes, até por total ignorância nossa - potenciais adotantes - vivem toda a sua juventude em tais casas sendo, após atingir a maioridade, expulsos para o mundo, sem terem tido, durante a fase inicial de suas vidas, quaisquer noções básicas de afeto, carinho, etc.

A AMB está fornecendo uma cartilha da adoção passo-a-passo, que pode ser baixada diretamente na sua página.

Abaixo eu reproduzo o índice da cartilha, para que os leitores possam mais ou menos se situar acerca de seu conteúdo, mas, principalmente, para facilitar aos internautas que encontrem as respostas a perguntas muitas vezes comuns em relação à adoção.

O leitor pode tanto baixar a cartilha de adoção da AMB em formato PDF diretamente da página da associação, quanto solicitar a sua versão impressa diretamente à entidade.

Além da cartilha para o cidadão, há uma outra, destinada principalmente aos profissionais da saúde, onde há algumas dicas de orientações para que as pessoas que terão contato com as pessoas em situação de abandono dos filhos, esclarecendo dúvidas importantes e, principalmente, desmitificando alguns preconceitos que muitos têm em relação a isso, como por exemplo acerca do caráter da mãe ou do pai da criança abandonada ou mesmo demonstrando situações em que a doação dos bebês é, de fato, o melhor caminho para eles.

CAP. I – O que é adoção de crianças e adolescentes.

O que é adoção de crianças e adolescentes?
A criança adotada perde o vínculo legal com os pais biológicos?
A adoção depende do consentimento dos pais biológicos?
O que é Poder Familiar?
Pode-se perder o Poder Familiar?
A família biológica pode conseguir seu filho de volta depois da adoção?
A adoção é para sempre?
O que é “adoção à brasileira”?
O que é adoção pronta ou direta?
O que é “adoção tardia”?
O que é família substituta?
O que é guarda?
O que é tutela?
O que é um abrigo?
O que é uma família guardiã?
O que é apadrinhamento afetivo?
O que é apadrinhamento financeiro?
O que é adoção internacional?

CAP. II – Quem pode ser adotado.

Quem pode ser adotado?
Mãe adolescente (entre 12 e 17 anos) pode entregar seu filho para adoção sem o consentimento de pais ou responsáveis?
Como fica o nome do adotado após a adoção?
Sob cuidados de qual pessoa/instituição permanecem as crianças/adolescentes disponíveis para adoção, quando não estão mais sob os cuidados dos pais biológicos?
Todas as crianças/adolescentes que vivem em abrigos podem ser adotadas?
Por que o processo de adoção é tão demorado?
A pessoa que encontra um bebê abandonado pode adotá-lo?
Qualquer criança/adolescente pode ser destinada à adoção internacional?

CAP. III - Quem pode adotar.

Que pessoas podem se candidatar a adotar uma criança ou adolescente?
O que é um ambiente familiar adequado?
Duas pessoas podem adotar uma mesma criança?
Divorciados ou separados judicialmente podem adotar em conjunto?
Uma pessoa de orientação homossexual pode adotar?
Em que condições um cônjuge ou concubino pode adotar o filho do outro?
Brasileiros que moram no exterior podem adotar crianças/adolescentes brasileiros?
Estrangeiros residentes no Brasil podem adotar crianças/adolescentes brasileiros?

CAP. IV - Procedimentos para adoção de crianças e adolescentes.

Como deve proceder a pessoa que deseja se inscrever como pretendente à adoção?
Pode-se adotar por procuração?
Qual é a função das entrevistas?
O candidato reprovado pode se inscrever novamente?
Quais os motivos mais comuns para que a Vara encaminhe o pretendente para os grupos de reflexão?
Após ser considerado apto para adoção, quanto tempo leva até que o candidato encontre uma criança/adolescente que se adapte ao seu perfil?
O que é estágio de convivência?
Que procedimentos favorecem a constituição de vínculos afetivos entre o adotando e os candidatos a pais adotivos?
Quais os requisitos para adoção internacional?
Em que circunstâncias o adotando tem o direito de consentir ou discordar da adoção?
Quem adota pode escolher a criança/adolescente que quer adotar ou é obrigado a aceitar aquela que lhe destinam?
Quais os atos legais que formalizam a adoção?
Quais são os custos financeiros para o processo de adoção?
Qualquer pessoa pode ter acesso aos dados de um processo sobre adoção?
A mulher que adota tem direito à licença maternidade?
O homem que adota tem direito à licença paternidade?

CAP. V – Conversas e controvérsias.

É necessário falar à criança/adolescente sobre sua história e sua origem?
Segredos sobre a história e a origem da criança/adolescente podem produzir que tipo de conseqüências?
Como e quando contar para a criança a respeito de sua origem?
E se a criança/adolescente quiser procurar sua mãe biológica?
É interessante se referir ao filho adotivo como filho do coração?
O que fazer quando a história dos pais da criança/adolescente é desconhecida?
Toda criança adotiva foi abandonada?
Por que a questão da destituição do Poder Familiar é tão complexa?
É possível (desejável) preparar candidatos a pais adotivos e crianças para a adoção?

Baixe a cartilha de adoção da AMB em formato PDF diretamente da página da associação, ou ainda a Cartilha sobre adoção destinada aos profissionais da saúde.

Ou solicite a sua versão impressa diretamente à entidade.

Fonte: Direito do trabalho


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Beti Timm do blog: Rosa Choque

Olhos nos sonhos

O corpo franzino esgueira-se pela porta, adentrando a sala vazia.
Os olhos baixos, concentrados no chão, num ponto único.
O rosto com os ossos salientes sugerem um amadurecimento forçado. Não há marcas mesmo que indeléveis de algum sorriso, ali registradas uma única vez.
Morosamente, senta-se com cuidado na poltrona, como temesse ser repreendido, por usar algo indevidamente.

O olhar continua pregado no chão, a cabeça cabisbaixa, o queixo, quase se juntando ao peito, entre os ombros curvados.
As mãos pequenas, de unhas cortadas rentes, desenham figuras imagináveis, na bermuda gasta, de uma cor que um dia foi azul.

A idade é imprecisa, no máximo uns doze anos, mas aparenta bem mais. Absurdamente representa ter dezesseis anos.
Dezesseis anos de dores.
Sua figura parece gritar essas dores vivenciadas durante anos, após anos sem nenhum lenitivo, sem um bálsamo para as feridas que seu corpo e sua existência carrega.

Mesmo sem mencionada, a aspereza de sua curta vida, é nítida.
Nele visualiza-se a fome que rasga suas entranhas, o frio úmido dos chãos sujos onde aconchegou seu corpo, numa seqüência massacrante.
Percebe-se o medo, que o acompanha sempre. O medo das surras que já lhe marcaram o corpo pequeno, o medo do inusitado, do perigo em cada esquina.
O medo que esquarteja sua vida, que lhe tira o sono, nas vigílias de noites, passadas nos becos, nas marquises dos prédios, onde se escondia.

O silêncio é tão grande que se escuta sua respiração lenta, mas ansiosa.
Vozes baixas chegam até a sala, onde ele está, como sussurros. Repentinamente, cessam as vozes na sala ao lado.
A porta se abre lentamente, uma mulher entra, acompanhando-a, outra mulher, sisuda, demonstrando um profissionalismo. Provavelmente uma assistente social.

A que entrou na frente, dirigi-se ao menino, com voz calma. Apresenta-se, e estende a mão denotando uma timidez e um nervosismo controlado a duras penas. Ele ergue os olhos. São castanhos, grandes, destoando do rosto magro. Olhos tristes, opacos, quase sem vida, estão inquisidores, vasculham algo que não tem certeza do que seja. Talvez uma resposta pras suas ansiedades, seus medos. Um caminho, pra carregar seu corpo pequeno, cansado da dor, do sofrimento, da desesperança.

O medo, ainda está ali estancado, como um vigilante incansável. A outra mulher, explica com voz fria, indiferente aos seus medos, que a moça, de gestos calmos veio para levá-lo para sua casa, para um período de adaptação, pois pretende adotá-lo.

Seu coração dispara, quase lhe sacudindo o corpo franzino. A moça continua com a mão estendida pacientemente.
A dúvida instala-se momentaneamente; A segurança frágil, mas certa do abrigo, ou o inesperado. Nem tem certeza de que saberá viver em uma família, num lar, ter comida, roupas, uma cama quentinha e talvez quem sabe de vez em quando, um carinho, uma palavra meiga.

Ele quase se atreve a pensar que aquela mulher estranha, com a mão estendida, lhe dará o que tanto espera. É um pensamento fugaz, mas não custa nada sonhar, ter esperanças. Ergue a mão com cuidado. Encontra a outra, que é quente, macia, aconchegante. A mão por onde chegam seus sonhos, aperta a sua com força, mas com uma carícia acalentadora.
Um sorriso meigo desenha-se no rosto da dona daquela mão, que lhe insinua uma vida decente.

Ela dirige-se à saída, segurando-o e conduzindo-o ao seu lado, com carinho e firmeza. Chegam, lado a lado, à rua, o sol é brilhante, como os olhos, fixos na moça. Caminhando lentamente, seus olhos, hipnotizados não se desviam, do rosto bondoso e calmo, de sorriso meigo.
Olhos na esperança! Olhos nos sonhos!

O menino do texto é fictício, mas inspirado nos milhares de adolescentes esquecidos e descriminados nas diversas Instituições e Abrigos existentes no Brasil e no mundo.


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Adocao, um ato de nobreza!


Tatiana do blog: Dessintonizada

Pois é, demorou um pouquinho, mas chegou. Hoje é o primeiro dia da Blogagem Coletiva sobre Adoção. Alguns dias atrás eu escrevi um post dedicado a este tema (uma chamada), convidando o pessoal a participar desta blogagem. Aproveite e leia o post aqui, caso ainda não tenha lido.

Como eu já disse, são oitenta mil crianças e adolescentes morando em abrigos; aptas a serem adotadas são oito mil. No Brasil há uma burocracia enorme e todo um preconceito em cima deste assunto. Não sabemos se a burocracia é responsável em parte pelo preconceito, deve ser porque para adotar uma criança, o candidato precisa se envolver em todo um trâmite legal, acompanhamento psicológico, social, visitas e entrevistas que acabam assustando as pessoas que, para não passar por esses "transtornos", afastam a idéia da adoção. Não podemos negar que todas essas etapas são angustiantes e até desanimadoras, mesmo sabendo que são importantes. As pessoas neste meio tempo se apegam às crianças que desejam adotar e algumas vezes a adoção não dá certo. Ocorre uma frustração, outro fator que inibe o desejo de adotar, principalmente por aqueles casais que não conseguem ter filhos e com o ocorrido adquirem mais um sofrimento.

Por isso, a discussão sobre este assunto é tão importante. Se a adoção no Brasil fosse tema de discussões maiores e levadas até aos representantes no Congresso com mais frequência, quem sabe essa burocracia não seria minimizada? Faltam programas de incentivo, maiores esclarecimentos sobre a causa, imbutir esta idéia desde cedo na cabeça das pessoas. Afinal, menores abandonados em orfanatos sempre existirão, infelizmente! E tornar a adoção de crianças e adolescentes um ato natural e não apenas de nobreza, é primordial nos dias de hoje.

Há uma necessidade de mudança de mentalidade. Quando isso acontecer, menos casais sofrerão tanto tentando ter filhos que não conseguem biologicamente e poderão ter adotando, teremos menos abrigos e os poucos que teremos, estarão menos cheios. Sem falar no benefício de termos mais crianças bem criadas e educadas, com melhores perspectivas de vida, enfim, nossas estatísticas terão resultados mais animadores também, pois teremos menos crianças sozinhas com chances de tornarem-se adultos problemáticos, sem conhecimento de bons sentimentos e valores familiares.

Não estou dizendo que toda criança que cresce em abrigos será um adulto problemático (sem generalizações, por favor), mas convenhamos, uma criança sozinha que cresce em condições de abandono material, sentimental, sem a proteção de uma família tem muito mais chances de ser problemática, sim. Adotando uma criança, é uma oportunidade que você dá a ela de ser do bem, de sonhar, ser feliz e de quebra, você acrescenta mais valor e alegria à sua própria vida.


Pense nisso.


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Adocao


Sérgio do blog: Retrato em Branco e Preto


Para Quem Viver

Imagino o quanto seria bom se eu fosse adotado
Mudar de mundo e de ar
Deixar alguém mudar o meu mundo
Tão esquecido nesse lugar
Imagino o quanto seria bom se eu fosse querido
O preferido da mãe e do pai
Viver correndo e ter com quem brincar
Ter alguém que fale comigo
Que me conte estórias
Que me dê abrigo
No ato de um abraço amigo
E que me faça esquecer
Da minha história
Aqui nesse lugar

Imagino o quanto eu seria feliz
O quanto perdi e o que fiz
O quanto sou aprendiz
Numa vida que pareço ter perdido
Mas ainda creio no gesto de amor
O mesmo que tenho por mim
Do mesmo que me faz gostar
Do pão, da água, de Deus
Pois, se meu coração não for adotado.
Eu mesmo o adotarei

Sou criança, sou só.
Mas, hoje, alguém me sorriu.
Ainda não sei seu nome
Também não sabe o meu
Sei o cheiro do perfume
Diferente dos demais
Talvez apenas uma daquelas esperanças reais
Em um presente que ganhei
Imagino o presente que serei
Para quem me levar daqui.
O futuro bom que será
Um novo dia pra mim


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Adocao


Beth/lilás do blog. Mae Gaia

A Blogagem Coletiva sobre Adoção começou hoje e promete grandes e lindas histórias que servirão de exemplos e incentivos para quem quiser adotar uma criança e ainda tem alguma dúvida.

A história que mostrarei abaixo é verdadeira. Minha grande amiga Fátima, enviou-me especialmente para esta blogagem e, como poderão sentir no decorrer da narrativa emocionante, há nela explícita toda a materialização de um sentimento profundo de doação e amor, retribuição do mesmo e total realização pessoal.Tenho muito orgulho de ter a Fafá e sua família como amigos do coração e, com a anuência do Thiago, querido e lindo à esquerda da foto, apresento-lhes uma história de amor com final feliz.


Mais histórias sobre Adoção você encontra aqui.
Senta, porque o texto é grande, mas vale a pena ler tudinho!
Adoção: Amor por vontade de amar (por Fafá)

Quando minha amiga Beth me falou sobre a blogagem coletiva, com o tema adoção, adorei a idéia no ato, mas claro que precisava conversar com as outras partes interessadas, ou seja, meus filhos e meu marido. Aprovação total e para meu orgulho maior, o apoio irrestrito do Thiaguinho. Thiaguinho, que não é mais Thiaguinho, é Thiagão, tem 24 anos, mas pra mim, continuará sendo Thiaguinho e ponto final.Tentarei resumir nossa história, sim “tentar”, pq não se fala de 22 anos de vida em comum rapidinho, não é? Comecei a namorar meu marido com 14 anos e ele 16. Eu a típica garotinha romântica e ele o típico rapaz de família. Nos casamos em 1984, eu com 19 anos e ele 21. Nossos pais não eram muito a favor, mas ele havia passado no concurso, para o antigo banco estadual BANERJ e o salário dava bem para nós dois, daí concordaram. Claro que pretendíamos continuar estudando, ou melhor, ele pretendia, porque eu não pretendia não. Eu queria ser DONA-DE-CASA, é isso mesmo DONA-DE-CASA.
O ano de 1985 passou rapidinho, lua-de-mel, casa novinha, compra do nosso primeiro carro e a decisão de que era hora de voltar a estudar.
Meu marido resolveu fazer o vestibular para engenharia civil, meio sem acreditar que passaria, já que estava sem estudar a um tempinho. Passou!

Ahhhhhhh, nesse meio tempo, meus pais foram a Portugal e qdo voltaram cogitaram a possibilidade de mudarmos para lá, já que aqui vivíamos uma fase de muitos seqüestros, meu pai era comerciante, um bom alvo. Fala daqui, pensa dacolá e decidimos que mudaríamos para Petrópolis, não sairíamos do Brasil e moraríamos num lugar tranqüilo. Meu pai comprou um terreno grande e começamos a planejar e tb construir nossa casa.
Filhos??? Agora não! Eu respondia resoluta. Afi
nal, estávamos com apenas 1 ano de casados, com a perspectiva da construção de uma casa em outra cidade e a faculdade de engenharia. Casal ajuizado, certo? É...certo, ou melhor, deu certo, mas não foi bem assim que aconteceu.

Logo que meu marido passou para a faculdade, eu visitei um orfanato com minha mãe. Ela costumava ir num asilo, eu tentei, mas não passei da varandinha que havia na entrada da enfermaria, chorei horrores, daí pensei que um orfanato seria bem melhor para visitar, afinal crianças são muito alegres.
Minha mãe perguntou a freira como poderia ajudar, ela se referia a mantimentos, produtos de limpeza ou higiene. Para minha surpresa, a freira disse que estavam com um menino muito doente e mandou buscá-lo. Ai, ai, aiiiiiiii não teve nem jeito, foi AMORRRRR a primeira vista. Dois aninhos, moreno, cabelos castanhos dourados cheio de cachinhos, olhos como jabuticabas, cílios enormes...LINDOS! Thiaguinho, havia tido paralisia cerebral no parto, não andava, não falava, tinha um buraco no pescoço, respirava mal (como se tivesse bronquite), exalava um cheiro ruim, que eu imaginava ser do pescoço.
Minha mãe se ofereceu para levá-lo a um
pediatra e custear o tratamento. Combinaram uma nova visita, para quando a diretora estivesse presente e pudéssemos ter a autorização, para levá-lo ao médico. A congregação era em Recife e era lá que a diretora estava.
Voltamos no dia marcado e a diretora não permi
tiu. Disse que só com autorização do juizado, ou com autorização da mãe.
Thiaguinho nesse dia estava pior, saí de lá arrasada, eu sabia que meu pai não poderia fazer nada, naquela época ele tinha padarias, restaurantes e essas coisas tomam tempo. Naquela noite, meu marido chegou da faculdade e eu estava chorando, contei-lhe o que havia acontecido e pedi para que fosse lá co
migo para ver o Thiaguinho. No dia seguinte lá fomos nós, a freira mandou buscá-lo e lá veio meu pequeno, segurando numa das mãos, um saco plástico com umas coisinhas dentro e na outra um pente enorme. Olhar caidinho, muito gripado, o mesmo cheiro e a respiração bem difícil.

Meu marido tem bronquite e achou que aquela chiadeira no Thiaguinho tb fosse, não era.
Depois da visita a conversa no carro foi mais ou menos assim:
- Ele não é lindo?
- É sim!
- Então, já que não se pode tratar dele aí no orfanato, só tem um jeito...
Daí meu marido tentou ser sensato, l
embrar da faculdade, das despesas, construção da casa, dos problemas de saúde...blá, blá, blá.
Na semana seguinte, Thiaguinho piorou e foi internado no Hospital do Fundão. Estava com pneumonia, o cheiro ruim era proveniente de uma esponja no nariz, que estava podre e formando uma cavidade. Vermes e desnutrição. O buraco no pescoço, era uma fístula congênita, que precisava ser operada, caso contrário não teria movimentos do pescoço.
Duas semanas que não pensei em mais nada que não fosse ADOÇÃO. Familiares e amigos dando opiniões, claro que todos contra.
Uma tarde, recebi o telefonema de uma pessoa, que tb visitava o orfanato, havia sido através dela que conseguiram internar o Thiaguinho, alías, foi no carro dela, que ele foi ao hospital acompanhado de uma freira.

Conversamos muito, ela me disse que havia conseguido meu telefone com a freira, que o Thiaguinho iria ter alta, mas que não deveria voltar para o orfanato, já que os médicos temiam que tivesse outra recaída (na verdade, aquela era a TERCEIRA pneumonia).
Tentando resumir...procuramos pela mãe biológica, ela NÃO PODIA ficar com ele, fomos para o juizado e não conseguimos NADA. Fomos para um cartório para tentar a DOAÇÃO, ela não tinha um documento sequer. Tinha que haver um jeito e houve, digamos que um “jeitinho brasileiro”. Na época, eu nem queria saber das conseqüências, de fazer algo fora dos trâmites legais. Pra falar a verdade, nem hoje, se o que estivesse em jogo fosse uma vida.
Não sou a favor de maracutaias, muito menos de “levar vantagem em tudo”. Sou HONESTA, pago minhas contas em dia, mas ali nã
o havia escolha. A mãe biológica não tinha condições, o governo e as freiras não bancavam um orfanato decente, o hospital tb não podia mantê-lo até sua total recuperação. A verdade é uma só: quem quer arruma um jeito, quem não quer, arruma uma desculpa. EU QUERIA!
Saímos do hospital, fomos com a mãe biológica até o orfanato, onde ela assinou um documento atestando que o estava retirando de lá, estava mesmo, ora.
Trinta de maio de 1986, virei mãeeeeeeeee!!! E agora??? Lembrei de um dos ditados que minha avó usa comumente: “as dores do parto ensinam a parir” e fui cuidar do meu filhote.
Tentando resumir de novo...Muitossssssss anos de fisioterapia, fonoaudióloga, pernas engessadas, duas cirurgias e ele es
tá lindo e saudável. A família não ficou por aí, no final desse mesmo ano engravidei da Carina e depois em 1991, quando ainda faltava 1 ano, para meu marido se formar, tive o Caio.

Thiaguinho tem 24 anos, terminou o segundo grau, tirou carteira de motorista e passou na PRIMEIRA prova e trabalha comigo. Caráter irrepreensível, bondade incontestável. Companheiro de todas as horas e para o que der e vier.Não, eu não sou coruja, ele é que é MAGNÍFICO! Aliás, verdade seja dita, os três são. NUNCA, mas NUNCA mesmo, ouvi de um dos meus filhos, qualquer reclamação por ter dado mais para um, do que para outro. Cresceram sabendo dividir, sabendo respeitar as diferenças, percebendo o preconceito e lutando contra ele. Aprenderam que AMOR, é o maior sentimento de todos e que independe de sangue, precisa mesmo é praticar. Sabem respeitar a vida e se compadecem da dor e do sofrimento alheios.

Bem, pra você que leu o meu depoimento e está aí, com a cabeça fervilhando de dúvidas, conceitos e indagações, já adianto algumas perguntas e respostas, que dei e dou para questões básicas sobre ADOÇÃO, no meu caso, algumas já caducaram, meu filho já é adulto, mas acreditem respondi-as muitas e muitas vezes.

-VOCÊ NÃO TEM MEDO QUE ELE AO CRESCER FIQUE REVOLTADO, E APRONTE?

R: Infelizmente conheço alguns jovens e outros não tão jovens, que teoricamente teriam tudo para serem felizes e são revoltados, outras pessoas que poderiam ser revoltadas e são verdadeiros exemplos, logo, ser adotado não é pré-requisito para revoltas e coisas parecidas.
(No meu caso: nenhum dos três é revoltado não. Cada um tem seu espaço, sua vida e procuram se ajudar mutuamente.)

- VOCÊ NÃO SE PREOCUPA COM A GENÉTICA? E SE OS PAIS BIOLÓGICOS FOREM DROGADOS, BANDIDOS, ALCOÓLATRAS?

R: PRESTENÇÃO NO MUNDO CARA PÁLIDA...o que tem mais por aí, são pais se descabelando, por não saberem a quem seus pimpolhos biológicos puxaram. Quantos e quantos jovens, filhos de pais íntegros e sem vícios, aprontam todas e mais algumas.
(No meu caso: nenhum dos meus filhos tem vícios, aliás nem eu e nem meu marido. Não é por motivo religioso e nem cultural. Somos católicos, pouco praticantes e vcs sabem que até na missa tem vinho, já na parte cultural, eu e meu marido temos ascendência portuguesa, espanhola e italiana, olha o vinho aí outra vez, mas nós não gostamos, fazer o que? Genético eu sei que não é...rssss)


- E SE ELE QUISER CONHECER A MÃE BIOLÓGICA QUANDO CRESCER?

R: Ué, vou ajudar no que for possível. Ele vai deixar de me amar por causa disso? Se eu posso amar 3 filhos, porque ele não pode amar duas mães? Disse e repito, tenho medo que meus filhos amem de menos, amar demais podem e devem.
(No meu caso: Thiaguinho nunca quis conhecer a BIO, mas sempre deixei claro, que ela não o entregou a mim porque quis, e sim porque não via outra saída. Cada um tem uma maneira de fazer e sentir as coisas. Talvez eu,
na pele dela fizesse o mesmo, é fácil ser bom quando se tem tudo, e eu sempre tive tudo, logo não temos como nos comparar.)

E QUANDO VIEREM OS SEUS FILHOS BIOLÓGICOS? VOCÊ NÃO ACHA QUE VAI GOSTAR MAIS DELES?

R: Aveeeeeee-mariaaaaa...aqui em casa não temos fita-métrica para amor. Desde que mundo é mundo, tem gente se descabelando, matando, raptando por “amor”, e geralmente não são do mesmo sangue. Quantas e quantas vezes, em famílias 100% bio , um filho se dá melhor com a mãe, outro com o pai, aliás conheço casos, de mães e pais, que não se dão com determinado filho ou filha de jeitoooooo nenhummmm. Isso significa que não amam?
Já pararam pra pensar, no número absurdo de pais e filhos bios, que tem se matado? E adotados, muito poucos não é?
(No meu caso: Thiaguinho cresceu, vendo o quanto eu e seu pai nos amávamos...ops, nos AMAMOS, sempre soube tb, que ñ tínhamos nenhum laço sangüíneo, logo, ter ou não o mesmo sangue, para nós é fator irrelevante.)

Moral da história: Se puderem, não pensem duas vezes...ADOTEM! Eu poderia dar inúmeras razões, três delas merecem ser faladas:

-A experiência de amar, pura e simplesmente é inexplicável, a adoção é um amor sem rótulo, ou seja, você não ama, pq é seu filho biológico, ou porque é rico, ou porque é lindo de morrer, ou porque vc pariu então tem obrigação de amar. Na adoção, vc ama aquele serzinho, porque quer amá-lo e pronto.

-Quando a criança que você escolhe tem uma história sofrida, você de bandeja aprende a seguinte lição: nem tudo que parece bom, é bom e nem tudo que parece ruim, é ruim. No orfanato uma senhora comentou conosco, que achava que qualquer criança, teria mais chances de sair dali que meu filho, por causa dos problemas de saúde, foram justamente esses problemas, que me fizeram tirá-lo de lá.

-Bons exemplos valem muito mais do que palavras, se você já tem, ou pretende ter filhos biológicos, todos sairão ganhando. Esse ano minha filha ao sair da faculdade, achou na rua um cachorro já grandinho, coberto de sarna e bicheiras, nem de pé ficava mais. Tentou falar comigo mas não conseguiu. Foi num petshop, pediu o carro e o motorista emprestados, para ajudá-la a pegar o cachorrinho. Levou para uma clínica, negociou uma diária mais em conta pq, provavelmente o tratamento seria longo.O veterinário não deu muitas esperanças, mas começou a fazer o que podia. Quando eu cheguei em casa, Thiaguinho começou a me contar, que a irmã havia ligado e falado do cachorrinho. Carina chegou da faculdade, contou toda a saga e receosa que ficássemos chateados ( já tínhamos uma vira-latinha, uma gata ambas encontradas na rua e um mastiff inglês) deu a sugestão, de que cuidássemos dele e depois levássemos para uma feirinha de adoção, seríamos um “lar temporário”. Thiaguinho imediatamente falou: “Lar temporário pra mamãe??? Lar temporário pra ela, vai ser de 18, 20 anos.” Risos generalizados, lógico. Quando eu e meu marido ficamos a sós, ele todo orgulhoso disse: “É estamos plantando sementinhas”.

Num mundo com tanta crueldade explícita, é um bálsamo encontrar jovens que se compadecem do sofrimento alheio, seja ele de uma criança, animal ou idoso.

Torço muitíssimo, para que iniciativas como esta blogagem coletiva se multiplique e mais do que isso, que as pessoas cada vez mais encontrem ou quem sabe descubram, a alegria de se sentir verdadeiramente “fazendo a diferença”.


Fazendo parte da blogagem: Adocao, um ato de nobreza!