domingo, 16 de novembro de 2008

Filhas do coracao









GuGa do blog:
N' Roses la petit du paravent


Uma iniciativa de Georgia e Dácio

..."Voltando no tempo percebi que não havia a expressão "filhos de coração", a palavra em si era: Adoção. Conheci essa palavra aos 5 anos, por pura arte de criança, por bisbilhotice e por ser taurina!!! Aquela coisa de mexer, de fazer com que meus dedos tivessem alguma atividade e o que encontrei foi uma declaração de adoção. Li, absorvi, guardei, mas não contente fui até a minha mãe e perguntei o que era adoção. Criei sem saber, a guerra dentro de casa! Minha mãe nada respondeu, mas como eu vivia "antenada" em meus 5 anos, escutei minha mãe super brava ( ahhh era brava muito brava ) cobrando de uma tia o "porquê de ela ter me contado sobre ser adotiva". Não sei o que o outro lado falou, mas sei que minha mãe não acreditou e não gostou.
A palavra em si parecia algo muito perigoso para ser discutido ou explicado, e com isso o tempo passou, eu cresci e nada me foi dito. Mas bastava juntar 2+2 e fatos: meus pais me adotaram quando eu tinha 1 ano e eles em torno dos 60; a diferença entre eu e meu irmão era de 28 anos. Todos os meus tios pareciam avós e todos os meus primos, meus tios ( rsrs ). Cresci sem nunca sentir essa diferença, meu pai era meu carinho, fomos conversar um papo mais adulto quando eu já estava perto dos 16, antes disso, eu era a Fuinha. Minha mãe?!? Pura braveza, o não era sempre seu lema e o chinelo quando tinha que cantar cantava alto, mas ela sabia ser carinhosa na dose certa! Meu irmão...ihh fazia papel de pai, de tutor...um porre. Muito chato. My fair lady perdia! Mas meu irmão foi meu herói em todos os sentindos. O que havia em comum entre eles? Sabiam que deveriam, cada um a sua maneira, mostrar que eu deveria ser independente, porque o tempo para eles corria contra e eu ficaria sem o apoio deles.
Na adolescência me incomodou um pouco essa diferença de idade, esse choque contínuo de gerações. Foi barra!
Passado todos esses anos, me casei e tive sim a oportunidade de correr atrás da minha outra historia, aquela que eles nunca me contaram e o que foi que eu fiz? NADA!
Nada me importa em relação ao meu DNA, ao que é biológico. Muitos me questionam por isso e o que eu digo é que eu fui tão querida, tão amada pelos meus pais, que me acolheram, me ensinaram que não tenho necessidade em correr atrás de minha origem.
A minha origem passou a ser quando eu passei a ser filha deles e passei a ter uma existência.
Jamais em todo o tempo que eu estive com cada um deles me foi cobrado ou fui descriminada ou julgada. Para eles eu fui a Fuinha( meu pai ), a Rosinha minha Canoa ( minha mãe ) e Gorda, apesar de magra ( meu irmão ). Fui rejeitada por parentes, mas por eles eu sempre fui filha.
Hoje depois de tanto tempo, tenho um filho de 21 anos, que nasceu de parto natural e uma menina linda de 12 anos, filha de coração, desejada e muito amada.
A vida para mim fez um ciclo louco. Deu voltas e por caminhos loucos, me fez ser como meus pais. Por que? Não sei responder.
O que sei é amar meus filhos, um pequeno ser, sem questionar de onde vem e porque veio. Sei que estou plena como mulher e mãe e que a vida não poderia se mais generosa para mim como foi e é esse tempo todo.
Contar aos nossos filhos sua origem é necessário. Não devemos temer, que ao falar
sobre adoção eles nos deixarão ou não nos amarão mais ou menos. Onde há verdade e amor não há espaço para rejeições e conflitos.


Filhos do coração a mais pura expressão do amor.




Rosemarie Flaquer
imagem
arquivo pessoal


Fazendo parte da blogagem: Adocao, um ato de nobreza!

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