sábado, 8 de novembro de 2008

Filhos do Coracao


Regina Coeli do blog "Canteiros"

Por que eu te amo?

Quando te vi, pequenina, enrolada em panos, não pensei em nada. Meu mundo ficou silente. Sem buzinas de automóveis, sem prazos de trabalhos a cumprir, sem aqueles pensamentos insistentes, invasores, que assolam a mente das pessoas. Nada. Minha vaidade, minhas economias, minha carreira, minha "qualquer outra coisa", tudo se calou em silêncio arrebatador. Todas as pressões das coisas urgentes e importantes, as atitudes imperiosas, as conquistas sonhadas, nada me surgiu...foi como se tudo isso nunca tivesse existido.

Não havia nada ali naquele momento além de você, mulata, pequena, diante dos meus olhos, me provocando o maior silêncio que já ouvido por um mortal. Nosso primeiro abraço foi comprometedor: cerquei você com meus braços, erguendo-os com a intenção das muralhas protetoras de uma cidade medieval, te enlaçando por um instante de forma tão intensa que seria possível a qualquer laboratório identificar que nosso DNA era o mesmo. Se não o DNA do sangue, com certeza o DNA da alma. A qualquer um era possível ver que aquele homem com cara de português e aquela menina africana eram parte de um grande plano genial e generoso do Criador: eram pai e filha. É um afeto instantâneo e imenso, incomensurável, que faz e desfaz do nosso antigo ser.

Assim, calando minhas fraquezas e desfazendo a correria da vida, você me apareceu. Pronto. Como manter uma coerência com aqueles grandes objetivos profissionais? Como continuar obedecendo à lógica daquela ambição desmedida? Todos os compromissos e valores já construídos ruíram sob uma nova modalidade de sentimento, um sentimento renovador e carismático, que me arrebatou de forma acachapante. Eu não era mais a mesma pessoa de segundos atrás. Estava em paz e feliz.

Talvez as pessoas não entendam esse meu amor por você. Não se pode atribuir algo tão puro às práticas humanas, sempre matizadas pelos interesses mundanos. Nem mesmo às boas ações dos homens, bafejadas pelo altruísmo caridoso. Nada disso nos pertence. Aliás, nós dois sabemos que amor não se explica. Amor se sente. Não há caridade que justifique o amor, mas é o amor que a justifica. E aceito, por amor e caridade, tanto faz, as beijocas que você guarda para mim no fim do dia, como prêmio maior pelas lutas que empreendi.
Quisera eu, querida, que
todas as pessoas pudessem saborear esse sentimento: amar alguém que não foi gerada por mim, que não me perpetua com traços físicos semelhantes, que não tem o "sangue do meu sangue", e que permite que a jazida de afeto que trago em meu peito seja explorada e canalizada para um bem-querer. Sim, sentir amor por um filho adotivo me permite realizar algo maravilhoso: alguém que se torna fundamental em minha vida, com quem construo uma relação de amor no cotidiano, este ser especial que eu nunca teria tido a capacidade biológica de gerar!

Enfim é isto: eu jamais teria gerado você, meu anjo. Se dependesse da minha essência animal, limitada e finita, que vai virar pó, eu nunca teria me transformado eu seu pai. O que me habilitou para esta missão foi minha crença profunda e inabalável que o amor de Deus não tem limites e não se submete a tipologias, não se prende com amarras sociais ou raciais. É por isso que te amo, além, obviamente, destes olhos negros e amendoados, que me sorriem, um pouquinho antes de dormir.

Sávio Bittencourt, pai adotivo de Ana, que deu nome à ONG de apoio à adoção fundada por ele, Quintal da Casa de Ana.

Blog: savio.blog.terra.com.br


Fazendo parte da blogagem: Adocao, um ato de nobreza!


Caso nao queira seu post aqui, por favor fazer contato. Obrigada.

Seal, um menino adoptado


Blog do "Rafeiro Perfumado"

A história do cantor Seal é, a meu ver, fantástica, e merece ser contada.
Tive conhecimento da mesma quando a minha mulher estava a ver o programa da Oprah e, mesmo tentando concentrar-me no que estava a fazer no computador, fui desviando a minha atencao para a televisao, até nao resistir mais e mudar-me definitivamente para o sofá.
Quando o Seal nasceu, foi colocado numa família que residia nos subúrbios de Londres, onde ficou durante os primeiros 4 anos da sua vida e onde foi aceite e criado como um membro integrante da família. No entanto, quando fez quatro anos, foi retirado a esta família pela mae biológica.
Apenas dois anos mais tarde, foi novamente "transferido", desta vez colocado sob alcada do pai biológico, tendo entao sido criado num ambiente pobre e pouco harmonioso no que toca a relacoes parentais.
Durante 40 anos, Seal questionou-se sobre o que terá acontecido à anterior família, pois, pese a tenra idade, manteve memórias felizes do período passado com esta família. Foi entao, quem entrou em accao a sua mulher, a modelo Heidi Klum, que resolveu investigar a fundo este assunto. Sabendo a zona em que o Seal esteve adoptado (Rumfort), colocou um anúncio na imprensa local.
Foi entao, que alguém respondeu ao anúncio, enviando uma fotografia que se assemelhava ao que o Seal poderia ter sido em crianca.
Quando Heidi enviou por email a fotografia ao Seal, este comecou a chorar assim que a viu. Tinha-se reconhecido na pequena crianca da fotografia, a única que alguma vez vira deste período da sua vida.
O programa da Oprah reservou uma surpresa ao Seal, tendo trazido para se encontrar com ele uma "irma".
O encontro foi comovente, adivinhando-se que terao, nos próximos tempos, muito que conversar e muitas saudades que matar.
Consigo tirar várias conclusoes desta história: a forma como o Seal foi recebido numa família para a adopcao, onde encontrou, por algum tempo a felicidade;
a forma como mesmo tendo crescido num ambiente adverso conseguiu transformar-se num ser humano sensível e construir uma carreira de sucesso;
o amor da sua mulher, que sabendo este, ser um capítulo em aberto na vida do seu amado, resolveu ajudá-lo a escrever as últimas frases.

Aqui o link da entrevista:
http://ego.globo.com/Gente/Noticias/0,,MUL319530-9798,00-SEAL+SE+EMOCIONA+AO+REENCONTRAR+IRMA+ADOTIVA.html

Uma beijoca e parabéns pela iniciativa!

Fazendo parte da blogagem: Adocao, um ato de nobreza!

Caso nao queira seu post aqui, por favor fazer contato. Obrigada.


Adocao, um ato de nobreza!

Georgia Aegerter do blog "Saia Justa"

Assisti a poucos dias uma reportagem interessante com pessoas que foram adotadas e numa delas estava uma brasileirinha de Sao Paulo.
Ela estava indo ao Brasil pela primeira vez desde que fora adotada aos 4 anos por um casal alemão. Com a morte da esposa, o pai resolveu deixá-la num orfanato e dá-la para adocao. O caso é que ele tinha outros filhos maiores e nenhum parente por perto. Os pais adotivos, logo cedo, contaram para a menina que ela fora adotada. Ela cresceu sabendo logo a verdade.
Agora com 17 anos ela desejou conhecer o Brasil e os pais arranjaram até um interprete para ela. Ela queria saber do pai e dos seus outros irmãos. O interprete teve muito trabalho em achar o pai dela. Ela visitou o orfanato onde esteve e ficou ali brincando com algumas crianças enquanto esperava a responsável do orfanato localizar sua papelada. Depois de alguns dias de espera ela conseguiu saber onde morava sua família biológica. Vocês podem imaginar a emoção daquele pai? Dos irmãos que agora até filhos já tinham? E a emoção dela? Eu mesma não agüentei e chorei.

Ela os abraçou carinhosamente. Pediu uma foto da mãe e ela mesma creio eu, se viu ali naquele retrato, tão parecida com sua mãe. O pai tinha uma única foto dela, com 4 anos de idade. E ela trazia outras fotos que seus pais adotivos tinham tirado dela logo assim que eles a adotaram.
Ela quis saber onde a mãe havia sido enterrada. Foi até lá e ficou muito triste em ver que no lugar havia somente uma cruz com um número e nada mais. Ela chorou, levou flores e agradeceu por ela ter nascido. Não havia na voz dela nenhum rancor por ter sido adotada. Pelo contrário: Ela transmitia uma calma enorme, uma paz, uma felicidade.
Ao retornar à Alemanha ela resolveu aprender Português. Diz que quer voltar para visitá-los e se comunicar com a sua família.
Fiquei pensando nas crianças que o Brasil tem nos orfanatos esperando para ser adotadas. Não é nem por falta de pais não. Mas porque a burocracia é grande demais.
Adotar uma criança é um sentimento de nobreza e quem chega para adotar também já viveu parte de uma história muito triste ou pela perda de filhos ou por saber que uma das partes do cônjuge não pode ter filhos.

A fila de espera nos corredores da burocracia é enorme e apesar de vários sites e ONGs agirem na área, sei que há blogueiros que gostariam de tocar nesse assunto até mesmo por serem pais adotivos.
Dácio e eu estreitamos os nossos pensamentos e idéias. Ele no Brasil e eu aqui na Alemanha;)
Como já estou há uns bons anos fora, ele me enviou um link me colocando a par do mais recente projeto aprovado na câmara sobre Adocao que foi encaminhado ao Senado para revisão.
Vocês poderão ler alguns pontos principais: AQUI

Para a Blogagem Coletiva o convite é:
1) Depoimentos de quem adotou uma criança;
2) Quem pensa em adotar e está neste corredor de espera;

3) Como foi o seu contato com a entidade X criança X você;
4) Quais as dificuldades enfrentadas até a reta final;

5) Você, parente ou amigos estão no corredor de espera para a Adoção?
6) Gostaria de discutir o assunto mesmo que não queira adotar uma criança?
7) E como vê toda essa situação
na sociedade em que vivemos?

A data para a blogagem será na semana de 10 a 15 de novembro. Assim teremos uma semana inteira para escrevermos e interagirmos sobre o tema: Adoção de Crianças e Adolescentes. Vamos em frente? Posso contar com você para ajudar a divulgar essa blogagem em seu blog?

Se achamos que adocao é fácil continuemos lendo

Dácio do blog " Chega mais..."

O governo brasileiro, os juizados, desconhecem o número de adolescentes e crianças que vivem nos abrigos do Brasil. A A M B acredita que sejam 80 mil meninos e meninas. Como vivem? E suas famílias? Quem tem todas as respostas? O que elas mais querem é uma família, ou não?
“Hi
stórias de adoção onde filhos se revoltam contra pais ou de filhos adotivos que abandonam suas casas e coisas desse tipo são tão comuns quanto em famílias constituídas biologicamente. Considerar que “um filho é bom por ser ele filho biológico” ou que “um filho é mau por ser ele filho adotivo” significa uma permeabilidade aos mitos advindos da cultura da adoção; significa estigmatizar a adoção e desconsiderar seu potencial criativo; significa descrer na possibilidade de exercer a maternidade e a paternidade por via da adoção. (Mário Lázaro Camargo é psicólogo, mestre em Psicologia pela Unesp)”
“Em caso de adoção, em
campo de busca aberto, no perfil solicitou-se menino ou menina de até 5 anos". Chamados, o casal para ver um garoto de 7 meses, houve paixão na hora",. Dois meses depois, quanto o casal já estava firmando vínculo com a criança, a mãe biológica reapareceu. O final feliz não virá O juiz decidiu manter o bebê no abrigo e estudar o perfil psicossocial da mãe.
Não há prazo para finalizar uma análise para adoção e os candidatos manterão sua angústia.”
“A psicóloga Lídia Weber, em sua tese de doutorado na Universidade Federal do Paraná, (http://claudia.abril.com.br/materias/2331/?pagina2) aponta as razões de demora.
Uma delas, a exigência do adotante. Ouvindo 400 famílias em 17 estados, ela verificou que 85% assumiram bebês de até 2 anos. "O limite de idade é maior que a preferência pela cor da pele", observa. Em agosto passado, das crianças liberadas para adoção e mantidas em abrigos paulistas ligados a ONGs e igrejas, 1 042 estavam com mais de 12 anos ou tinham irmãos, que a lei não separa.
Estrangeiros aceitam essas condições. Hoje, há 40 mil franceses e 18 mil italianos na fila, mas só entram no páreo após os brasileiros abrirem mão. A medida pretende conter a adoção internacional para garantir à criança o direito à nacionalidade.
Outro fator dramático envolve a destituição do poder familiar. Com base no ECA e no Código Civil, a criança só pode ser destinada à adoção após a sentença que tira dos parentes o direito sobre ela. Um estudo do Ipea feito em 2004 em 580 abrigos do país revelou que 88% das 19 373 crianças não estavam aptas a adoção porque continuavam legalmente ligadas aos pais. O juiz Reinaldo C.T. de Carvalho, do TJ-SP, explica: "Não podemos privar a família de criar o filho porque é pobre. Esgotamos as tentativas de reestruturá-la para que possa receber a criança de volta". No mar de entraves com que essas iniciativas navegam, as soluções levam tempo. "Assim, a criança 'envelhece', passa da idade procurada pelos adotantes", diz Lídia.
Em
http://www.filhosadotivosdobrasil.com.br/procura.htm no site Filhos adotivos do Brasil, até hoje, 28/09/08 409 brasileiros procuram pais, filhos e irmãos biológicos, alguns localizados para felicidade familiar. Exemplos:
Vera Carvalho Lopes – 406, procura seu pai biológico. Sua mãe se chama Iracema C. de Carvalho. Segundo Vera, se seu pai estiver vivo, deve ter aproximadamente 70 anos.
Caio Flavio Jacobus- 63Procuro minha mãe biológica, seu nome é Helena Simack. Fui adotado por uma família do interior do estado, e descobri o nome de minha mãe biológica recentemente. Maria Salete da Silva 123- Procuro por irmã biológica entregue a adoção em 1972. Rose Sueli Back Horn 254 Gostaria de conhecer os meus pais biológicos. Fui adotada com 15 dias. Hoje tenho 40 anos, tenho três filhos.

Cíntia Roza Gomes da Silva 169 –Amo meus pais adotivos, amo tanto eles que tenho medo de dizer às vezes o que penso a respeito, afim de não magoá-los. Sonia Palmeira 396 Eu e minhas irmãs estamos procurando por dois irmãos biológicos que foram dados para adoção. Ninguém sabe informar nada sobre a minha mãe biológica, pois a minha mãe de criação já faleceu e ela seria a única a me dar maiores informações. Laure Bacquias - 265 – França, Paris -Me chamo Laure Bacquias e tenho 20 anos. Fui adotada por uma família francesa quando tinha apenas 3 meses de idade. Já faz algum tempo que estou buscando minhas raízes: estive com os meus pais adotivos na minha cidade natal no dia do meu aniversario de 18 anos e lá tentamos saber um pouco mais da minha história, sem muito sucesso, pois o que me informaram é que eu não tinha o direito de olhar o meu próprio processo de adoção. Nasci em Vitória da Conquista dia 10/08/1987 no hospital regional Crescêncio Silveira. Minha mãe biológica chama-se Elizete Vieira Silva e no que consta ela era menor na época (pois nascida em 1973) e que logo após o meu nascimento, ela foi para São Paulo. Infelizmente eu não falo português e uma amiga brasileira esta escrevendo este e-mail para mim. Por sinal, o e-mail de contato também é dessa amiga, a fim de facilitar a comunicação. Luiz Augusto da Silva Freitas – 409 - Procura seu filho biológico. Nascido em 22/02/91, no Hosp. São Sebastião, em Turvo-SC. Indio Silveira Nunes da Silva – 055- Estou a procura de minha mãe biológica. Tenho leucemia e estou à procura dela, pois gostaria muito de conhecê-la. Sou casado e tenho dois filhos. Sabemos que ela é natural de Santa Rosa - RS.