quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Adocao



José Jaime do blog: CAFÔFO DO VOVÔ




Nesta blogagem sobre adoção aproveito para postar um texto da minha mulher que relata o nosso caso inédito de ADOÇÃO. O texto foi escrito quando havia se passado dezesseis anos, mas agora no dia 13 de novembro de 2008, às vésperas do “DIA DA ADOÇÃO” Sissi comemora o seu QUADRAGÉSIMO aniversário e hoje, viúva, vive com sua filha Luana a dois quarteirões da nossa casa.
É uma forma de homenagear minha mulher, este ser iluminado, que é meu porto seguro, companheira para qualquer hora e qualquer situaçõa que dá conta de uma família de 15 pessoas entre filhos e netos e que ainda encontra tempo para levar carinho e palavras de incentivos além da família, mas para não me estender sugiro que dê uma passadinha pelo blog dela e se deliciem com seu jeito de ser e de relatar os fatos.

http://meucantin5.blogspot.com/

Com meu amor, respeito, carinho e admiração.
Beijos
José Jaime



Nossa Família hoje.

Moça pequenina, feinha e falante, de nome curto e sem graça, Nilda. Indo sem preocupação outra, que não fosse seu casamento já marcado. Feliz, sempre sorridente, ia e vinha diariamente das aulas que dava numa fazenda, perto de uma cidadezinha, “zinha mesmo” em Minas. Nilda sempre falava muito no destino, acreditando firmemente que ele existe.
Numa manhã chuvosa, mas calorenta, Nilda fez seu percurso normal. Lã adentrando, que espanto! Um bando de ciganos: Ciganos enormes, bonitos e elegantes, mas lançando em seus olhares desconfiados, um certo temor. Os ciganos se faziam transportar por enormes cavalos, altos e de marcha elegante como se fossem ensaiados por seus montadores, pois 0 chão era 0 mesmo, do homem para 0 animal que andava galante.
Meio assustada, com mais de cem integrantes entre homens mulheres e crianças, Nilda chegou a sala de aulas alegre de cartazes, e energizada pelas crianças, que até hoje são paixão para ela...
Faltava uma, que era a mais velha de sua turma, Irene. Onde esta Irene? Perguntou Nilda.
A resposta veio de imediato, como por encanto, Irene apareceu correndo como corisco, Falando aos sopros, causados pela correria anterior.
Dona Nilda, a senhora a credita que uma cigana está tendo nenê e se for menina ela vai jogar no açude?
- 0 quê? Disse Nilda.
É sim, uma cigana mais velha me contou que todas as vezes que alguma mulher vai ter filho 0 grupo acampa perto de rio, açude, enfim onde haja água. Sabe porquê? A criança tem que ser do sexo desejado pela tribo para acasalar com 0 último bebê já nascido.
Irene: Volte lá,Irene, mas fique por perto, quando nascer me chame.
Mas, Irene, mal tinha saído e já estava de volta com um recém-nascido no colo.
Que cena! Nilda jamais esqueceu aquele quadro emoldurado por um solzinho branco e leve, resultado de uma chuva de verão que caíra momentos antes.

Eram 9 e 10 da manhã. Nilda colocou toda sua eletricidade para funcionar. Num segundo, arranjou um cobertorzinho com os colonos, envolveu 0 nenê e com seu já amor materno correu para a rodovia lembrando que ali bem perto existia a “Residência” do DNER (Departamento Nacional de Estradas de Rodagem), neste momento depara em pleno pátio da Residência com 0 Dr. Luiz, engenheiro chefe da Residência e temido pelo seu porte austero... Este homem imediatamente colocou a única viatura disponível para o mais perto socorro do nenê.
Nilda num carrinho que presta serviços de recapeamento asfáltico da estrada, sob os olhares curiosos e penalizados dos trabalhadores, que mal acreditavam naquela história que Nilda traçava rapidamente~ entre Um sorriso trêmulo e o morder nos lábios~ que ainda hoje conserva como cacoete.
Começa um novo ato na vida de Nilda. Dali a uns poucos quilometros chega a Matias Barbosa. Imediatamente procurou a pessoa mais indicada, a irresistível D. Neneca. Parteira da cidade toda, dedicada, alegre, responsável e acima de tudo consciente. De aparência frágil, pelo seu corpo fininho e pelos anos de vida que já lhe eram pesados. Ah! Que saudade! Velhinha levada da breca; fazia as pessoas mudarem de humor sem fazer força. Foi-se deste mundo para a atmosfera sagrada, com o encontro com Deus. Nilda não se esquece dela, à noite em suas preces.
Encontrando com D. Neneca, foi um rebú. Não vou mexer nela aqui. Vamos para 0 Lactário, disse ela.
Foram andando, e daí a pouco, a cidade inteira estava em procissão atrás delas. Aquela coisa de cidadezinha. 0 segredo vira comício em um segundinho só. No lactário, não coube todo mundo e suas curiosidades.
D. Neneca, muito ativamente, achou melhor banhar o nenê para tirar bem as folhinhas de capim e o estrume que já haviam secado na pele pelo nascimento em contato com o paste que amparou os primeiros momentos de vida. Mas, a casa onde funcionava 0 lactário, estava tão cheia, que mal se podia mexer lá dentro. Era só D. Neneca dizer: quero isso, e o pedido vinha em dobro, triplo ••• como se esfregasse uma lâmpada de Aladim.
Depois dos primeiros socorros, entre eles amarrado menor o cordão umbilical, e cortado o excesso, que era enorme; Nilda e D.Neneca foram arrumar algumas roupinhas de nenê. Não foi necessário muito esforço, logo começou a aparecer trouxinhas e mais trouxinhas de roupa, vindas de todas as camadas sociais. Foi um verdadeiro apelo sem pedidos, um socorro sem náufragos.
E Nilda, que já havia dado um susto em sua mãe, que mal acreditava no que via, mesmo estando com a menina em seu colo, e já muito acostumada com os blefes de Nilda. Aliás Nilda já estava mesmo sem credibilidade, já havia telefonado a seus tios e sua irmã, que mesmo não acreditando, apareceram depois, sorrateiramente, como se nada quisessem.
Nilda partiu para a cidade grande, a bela Juiz de Fora, onde procurou o pediatra amigo antigo d família: Dr. Vianello Martins, que cuidou do nenê e deu todas as dicas necessárias.
Depois de tudo resolvido, pelo menos a princípio, Nilda enfrentou em sua casa a fila de curiosos que não tinha fim. Todos queriam ver se “ciganos” era igual a gente.
Com a ajuda incansável e competente do Juiz, Nilda ficou com o nenê, sob a guarda de sua mãe, sempre amiga, que por sua vez a adotara 19 anos atrás.
Passara-se dezesseis anos, e hoje Nilda casada, com mais 4 filhos gerados, com casamento feliz, de amor de criança. Seu marido José, personagem principal, deu a menina seu nome, seu amor que se alonga desde 1968 quando Nilda fez a “LOUCURA DE AMOR”.




Èramos assim em 1968.



Nilda e Sissi em Dezembro de 1968.





Sissi hoje às vésperar de comemorar 40 anos.

(Este conto é real, sendo alguns nomes substituídos por não ter-se autorização das pessoas referendadas, ao passo que outros são reais, como homenagem póstuma pelo bem que fizeram.

Fazendo parte da blogagem: Adocao, um ato de nobreza!

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